A CASA DE CABRAL
A nossa festa de fim de ano se limitava àquela rua pequena e mal-cuidada, a Rua de Cabral, do velho e inesquecível tribuno das últimas noites dos anos que findavam.
O pipocar dos fogos lá pras bandas da praia chegava como um som distante que não despertava emoções.
Logo cedo, o velho acendia o fogo da churrasqueira improvisada numa roda de carro e colocava a primeira leva de carne para assar. E o cheiro de carne assada se espalhava pela redondeza, atraindo o faro de Antonio Doido, o maior comedor de churrasco que conheci em toda minha vida. Engolia sem mastigar, fosse carne mole ou carne dura.
E a família ia chegando aos poucos. Um trazia a garrafa de vinho, outro o litro de Ron Montila, uísque que é bom, nem pensar, era bebida proibida. Mas cerveja podia. Era a preferida do velho.
Nesse tempo a Corrida de São Silvestre acontecia perto da meia noite. E terminava com a última badalada do relógio da igreja. A turma já bastante animada se postava diante da TV torcendo pelo brasileiro pernas de cambitos que puxava a fila de corredores. E quando a corrida terminava e o ano novo se anunciava, Cabral, com cerveja e tudo, proferia seu tradicional discurso que terminava sempre com o anúncio: “Mais um ano se foi e eu não queimei o fuzi”.
Isso faz tempo.
Cabral nem existe mais. Queimou o fuzi numa manhã qualquer de ano velho e levou com ele as saborosas festas do Ernani Sátyro.
NIVER DE GILVAN
Nossa amizade vem de longe, vem dos tempos distantes do velho e inesquecível Correio da Paraíba, das coberturas radiofônicas do Correio Debate e, mais ainda, dos bancos da Faculdade de Direito do Unipê.
Jornalista, escritor consagrado e, acima de tudo, um homem de caráter, gente fina a toda prova, este é Gilvan de Brito, que hoje aniversaria e faz por merecer todos os votos de parabéns do mundo.
MOCA E CHICO PINTO
Alexandre Moca se encontrou com Chico Pinto ontem, em João Pessoa. E convidou Cabo Duca para visitar seu paraiso terrestre na zona rural de Guarabira. Pinto assanhou as penas e balançou as asas dizendo que vai.
CRONICA DE GILBERTO
Recomendo a leitura da crônica de Gilberto Carneiro, publicada logo abaixo. Densa, poética e acima de tudo verdadeira.
2 Comentários
Tião, o mestre Cabral está em um plano espiritual mais evoluído que o nosso. Feliz ano novo pra você e sua família.
Reforço os parabéns a Gil de Brito, endossando tudo que você escreveu. Fomos colegas de batente na Rádio Correio à época da inauguração da emissora no Ponto de Cem Réis. Equipe competente, sob o comando de Soares Madruga, Zacarias Sitônio e a atuação de Severino Ramos, Carlos Roberto de Oliveira, Roberto Oliveira, Luiz Andrade, Anco Marcio, Jandui Andrade, Waldemar Paulo, Ipojuca Pontes, Alarico Correia, Carlos Aranha, seu Gaspar.