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Domingueiras do Tião

28 de janeiro de 2024

NOSSA VIDA DE MÚSICO

Não sei se já contei aqui, mas já fui músico. E músico profissional. Aprendi na Banda de Música de Princesa com o maestro Petronilo Malaquias e meu primeiro instrumento foi uma requinta,  espécie de clarinete gasguita, armada em mi bemol, que fazia o contra solo dos dobrados executados pela banda.

Da requinta fui promovido ao clarinete, do clarinete ao soprano e, já fora da banda, adquiri um sax tenor para tocar no conjunto Os Rebeldes de Zé de Minininha.

Nossa especialidade era o frevo e as marchinhas de carnaval. Nosso primeiro grande contrato foi na cidade de Tabira, que gostou tanto dos Rebeldes ao ponto de, durante mais de 10 anos, manter contrato com a nossa bandinha.

Os Rebeldes tinham os seguintes músicos:

Zé de Minininha – saxofonista e maestro.

Zé de Bezeca – sax tenor.

Mitonho -baterista.

Tião Lucena – sax soprano e sax tenor.

Chico de Mourão – trombone.

Ernani de Ulisses – pistom

Bicudo Massaroca – pandeiro.

Neguim Goiaba – maracas.

Nêgo Heronildes – bombo e

Bibiu Lucena – cantor.

Quando íamos para Tabira, Zé fazia questão de parar em Afogados da Ingazeira para uma palhinha na Rádio Pajeú. Entrávamos na cabine do locutor, este apresentava o conjunto e dava a palavra ao maestro, que lendo num papel, mandava o recado: “Atenção, Tabira, estamos chegando”.

Foi terra de amores também. Quem não era casado, namorava. Zé, mesmo casado, chegou a se apaixonar por uma morena faceira. Se apaixonou de um jeito que aprendeu a tocar “A Distância” de Roberto Carlos para, depois, viajar até lá e fazer uma serenata pra ela.

Daquela turma, alguns já se foram. Zé de Minininha partiu recentemente, Chico de Mourão também, Mitonho luta contra um AVC, Goiaba e Heronildes se mudaram pro andar de cima e os que resistem por aqui estão sendo acometidos da famosa “veeira” que não mata, mas maltrata.

 

CASÓRIO DE POBRE E CASAMENTO DE RICO

O texto não é meu, mas como achei interessante, incaico aqui, dando o crédito no final.

TRAJES

Rico: mulheres usam vestidos feitos sob medida na Black Tie. Ou de algum estilista de tapete vermelho: Oscar de La Renta, Marchesa. Sapatos Manolo Blahnik ou Louboutin. Chapéus de torneio do Jockey e joias da Tiffany complementam o visual. Homens usam smoking impecáveis feitos sob medida na Armani.

Pobre: Vestidos alugados na lojinha de roupas de festa perto de casa. Muitas vezes, primeiro aluguel. Ou mesmo vestidos de festa comprados na seção “Festa” da Renner ou C&A. Cores vibrantes e maquiagem feita com sombra azul e batom rosa complementam o visual.

IGREJA

Rico: igrejas bem decoradas, em bairros nobres. A noiva chega em um carro dos sonhos. Imprensa aguarda na porta.

Pobre: centenas de padrinhos sobem ao altar, enquanto crianças correm pela igreja, lotada. A noiva entra e todas as mulheres cochicham umas com as outras. “Olha a barriga dela, acho que está grávida”, “Que maquiagem horrível”. Minutos antes do fim da cerimônia, a igreja está vazia, pois todos os convidados já saíram, para pegar mesa no salão da festa, “antes que encha”.

FESTA

Rico: há duas equipes de filmagem. A contratada pelos noivos e a do Amaury Jr. Pessoas dançam as músicas calmas, geralmente tocadas por um pianista ou banda ao vivo. Sorrisos para as câmeras, incluindo as da revista Caras.
Pessoas sentadas observam o movimento e conversam – sempre com uma taça de champanhe na mão. As mesas são bem decoradas. Há garçons e buffet no salão chiquérrimo.

Pobre: o salão é sempre bem longe da igreja. Pessoas correm para ocupar as mesas de plástico/lata, decoradas com uma toalha e um vasinho de flor em cima, que é levado no final da festa pelas convidadas.
A música é forró ou pagodão de pingar suor. O DJ é geralmente um tio do casal. Mulheres se acabam na pista, enquanto homens quase sempre acabam com a gravata na cabeça. Crianças continuam correndo pela festa. A noiva passa de mesa em mesa para cumprimentar os convidados, que tentam fugir da câmera.

COMIDA & BEBIDA

Rico: o cardápio é geralmente preparado por um chef de um grande restaurante. Há mesas com os doces, decorando a festa. Os pratos são servidos pelos garçons, assim como as taças de Veuve Clicquot, nas mesas dos convidados.

Pobre: se não for churrasco, é sempre coxinha/risoles/bolinhos de queijo/sanduíche de carne louca. Os garçons na verdade são parentes e amigos do casal, que transitam com dificuldade pelo salão lotado de gente dançando forró.
Parentes folgados pedem para que o ‘garçom’ traga coxinha na mesa. Então, ele levanta os braços para andar com a bandeja no meio do salão, em plena multidão extasiada ao som de Calypso ou Calcinha Preta. Pessoas tentam beliscar itens da bandeja e reclamam de fome.
As coxinhas finalmente chegam ao seu destino, e logo são atacadas por pessoas famintas, que não conseguiram mesa e estão em pé, próximas ao local. O mesmo acontece com o guaraná Dolly laranja, que some em minutos.
A festa mal começou e a cerveja acaba. Parentes se mobilizam para cortar a gravata do noivo. Crianças correm pelo salão.

FINAL DA FESTA

Rico: costuma deixar o local cedo. Sai pela tangente, não se despede de ninguém, mas grava uma entrevista para o Amaury Jr., desejando felicidade aos noivos e contando sobre os novos negócios de sua empresa.

Pobre: a festa nunca termina. Os noivos, já exaustos, cumprimentam as últimas pessoas do salão. Um tio dança bêbado, com uma gravata na testa. Uma tia solteirona se acaba no forró, destruindo a maquiagem e o cabelo escovado. Parentes e amigos saem com potinhos recheados de coxinhas ou carne que sobrou. Uma tia distante pede um pedacinho de bolo para levar para os que não puderam ir. Refrigerantes são divididos entre a família. A mulher que pegou o buquê depois de disputá-lo a tapas sorri.

LUA DE MEL

Rico: na metade da festa, os noivos vão para o aeroporto, pegar um voo para Paris, Milão, Londres, Miami ou Dubai. Hotel maravilhoso e compras complementam a viagem.

Pobre: após cortar a gravata do noivo, padrinhos se juntam para ver quanto dinheiro foi arrecadado. Os noivos ainda não sabem para onde viajar, se vão para a Praia Grande ou Poços de Caldas. Noivos vão para casa.

Por Kathia Oliveira

 

BARATONA

Rapaz, parece que foi ontem, mas já se passara 50 anos desde aquela primeira vez que Marcos Pires reuniu um grupo de foliões na orla e formou o bloco que chamou de Baratona. No início, era só um grupo dançando ao som do frevo e bebendo até cair. Saía,como sai hoje, do Cabo Branco e ia morrer em Tambaú debaixo da frondosa gameleira.

Mas se passaram 50 anos. A 50ª Baratona sai no próximo sábado, terá concentração no Bar Terraço(beira mar do Cabo Branco) a partir das 13 horas, saindo às 16 em direção ao Largo da Gameleira. E o Catabêbo vai estar por lá, vigilante, disposto a pegar quem não aguentar o tranco e arriar na calçadinha.

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