RUA DA LAPA
A mocidade começava cedo a frequentar as moças da Rua da Lapa. Era o cabaré de Estrela, abrigo de lindas moças “desencaminhadas” que moravam separadas das demais mulheres da cidade por serem, como diziam, raparigas.
Os velhos também faziam ponto , com uma diferença: enquanto aos rapazes era permitido o prazer fugaz, muitas vezes dado por amor sem cobrar nada além do beijo apaixonado, aos velhos se permitia bancar puta em troca da exclusividade na cama. Uma exclusividade que só existia nas aparências, pois quando estes se ausentavam as suas amadas amavam de verdade os que não tinham posses para manter uma mulher financeiramente.
A Rua da Lapa foi, portanto, o pasto dos meninos se pondo rapazes. Nela a timidez ia embora, o medo perdia espaço para a intrepidez e o gosto de pecado se fazia maior do que o sabor das hóstias oferecidas por João Mandu.
E quantas que nela moravam eu guardo na lembrança:
Rita Quarto de Bode, Lindalva, Lurdes Branca, Toinha Baú, Bola, Expedita de Aderbal, Eridan, Pixuita, Rosa Caracaxá, Socorro Rouca e, claro, Estrela, a maior de todas, a mais respeitada, a mulher das buchadas, das linguiças caseiras e esposa fidelíssima de um Pedro Caboclo chegado da cidade grande para passar um verão e, apaixonado, perpetuou-se por todos os invernos.
Guardo na lembrança a reação de Lurdes Branca a uma cantada do compadre dias depois do compromisso assumido na Fogueira de São João:
-Comadre que trepa com compadre tem cem anos de atraso!”
Rita era a cunhada. Zé Birrim fora seus arreios. E embora fizesse as caridades familiares ao cunhado ainda imberbe, gemia na hora H o nome do amado, dizendo aos ouvidos adolescentes do mancebo em flor, “me mata, meu Birrim!”.(Das memórias que estou alinhavando)
NIVER DE GIBRAN
O aniversário dele foi na semana passada, mas passei batido, o que é imperdoável. Gibran Motta é uma figura querida, um amigo das horas incertas, um ser humano incomparável, em resumo: um cabra arretado. Daqui os parabéns mais que merecidos.
GERBASE E DA LUZ
Cinquenta anos de casados não é pouca coisa. É muita. Principalmente no mundo de hoje. O casamento virou brincadeira, ninguém casa para viver eternamente, já se une pensando no divórcio. Por isso merece destaque o amor de Sebastião Gerbase e Da Luz, um amor cinquentão, de filhos, de netos e até bisnetos.
NIVER DE CALDEIRA
E para terminar, registro aqui o aniversário do jornalista, amigo e sertanejo arretado Fernando Caldeira, companheiro das históricas jornadas da quase falecida TV Master, homem de um bom humor acima da média, bom de papo, bom de copo e bom de escrita.
5 Comentários
Tião velho de guerra, êsse tema sobre o Cabaré de Estrela já foi abordado diversas vezes nesse espaço democrático e todas as vezes que você publica eu faço questão de voltar aos tempos de antanho na nossa querida Princesa Isabel e relembrar aquela noite de um sete de setembro distante, quando, aos 16 anos, fui até aquela casa de “pasto”, e RITA QUARTO DE BODE, de uma forma inesquecível, tirou o meu CABAÇO. Era dia 7 de setembro de 1967. A partir dali, fiquei cliente da melhor e mais hábil dama da noite de Princesa Isabel. Devo acrescentar que na época testemunhei muitos jovens e hojes célebres doutores, circulando pela Rua da Lapa, tímidos e ávidos à procura dos braços das meninas da casa de Estrêla. E você era um deles. Lembras disso ?
Eita que agora a saudade bateu aqui no meu peito. Princesa Isabel, a terra que me viu nascer. A velha Rua da Lapa. O Cabaré de Estrela, onde também foi tirado meu cabaço. Não lembro o nome da inquilina de Estrela, a primeira mulher que eu vi totalmente nua. Lembro que ela tinha um defeito numa das pernas,. Seria Pixuita ? Não tenho certeza. Sei que era no tempo da Jovem Guarda. Tempo dos “assustados”,, festas dançantes realizadas nas residências, ao som de radiolas. A construção do Açúde Jatobá II em pleno desenvolvimento, onde meu pai trabalhou com o Dr. Falcão. Década de 1960. O saudosismo me atacou, fazendo-me sair do tema do texto apresentado por Sebastião Lucena. Princesa Isabel, Rua da Lapa, Cabaré de Estrela, CABAÇO.
Tá danado. E haja cabaço. kkkkkkk !!!
Tião, eu estou ficando com a data de nascimento vencida, mas, lembro muito bem de uns “cabaços” que voaram pelos ares entre as pedras da Lagoa da Perdição.
Tem mais informações sobre o tema CABAÇO da galera de Princesa. Senão vejamos:
Quem está hoje com idade acima dos setenta anos deve lembrar das garrotas de Miron, das jumentas de Zé Vermelho e da estrêla principal, Veneza, a burra de seu Marçal, que vivia pastando nos aceiros do Açúde Velho e que certa pessoa levava uma cuia com milho e balançando a cuia , dizia: chegue, chegue, chegue. Veneza ficava comendo o milho e o conquistador “acunhando” Veneza.