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Domingueiras do Tião

28 de julho de 2024

AMOR COM SANGUE

Por muitos anos se falou da moça que trocou a vida pelo amor, morta que foi pelos irmãos com várias facadas nas costas. Casada por imposição familiar, nunca amou o marido. E quando descobriu o homem que lhe fez bater o coração, escandalizou a cidade e provocou a fúria primeiro da mãe ranzinza, depois dos irmãos obedientes ao comando da matriarca.

 

Era uma noite de festa, a festa da padroeira. A cidade estava enfeitada, luzes de várias cores decoravam as residências e os postes da rua principal. Barracas espalhadas pelos quatro cantos ofereciam comidas e bebidas. E no pavilhão central o pároco se esforçava para tomar dinheiro dos fiéis apresentando as belas moças do pastoril, as do azul e as do encarnado, cada time se esforçando para dar o melhor de si em busca de um resultado positivo.

 

Galinhas assadas no forno da Padaria Borborema eram arrematadas no leilão da igreja por quantias astronômicas. “Dou dez contos pra Sinésio não comer!”, gritava o médico metido a conquistador de mocinhas indefesas. “Dou vinte contos para encher o bucho de Zé Lira”, respondia o dentista acostumado a arrancar selos de donzelas e a indenizá-los com máquinas de costura da Elgin, o fino da moda.

 

Todos sorriam, todos festejavam, menos ela, a moça transformada em dama pela exigência patriarcal, mas que teimava em dar seu coração ao fruto proibido de seus pensamentos.

 

E, sem sorrir, fingiu sono e foi embora. Os irmãos, desconfiados, deram uma pausa e foram atrás para conferir. Bateram na porta, insistiram na batida e quando os toques suaves se transformavam em murros, o rangido da dobradiça anunciou a chegada de uma mulher sonolenta, despenteada e abusada, perguntando o que queriam com ela àquela hora da noite.

 

Um empurrão a levou para o interior. Os três irmãos invadiram a casa e saíram a procurar o objeto de suas suspeitas. O encontraram debaixo da cama, segurando uma faca. Um dos irmãos atirou três vezes, a vítima, no estertor da morte, ainda golpeou a perna de um deles com a peixeira. A irmã, apavorada, correu para o quintal e subia o muro de pedras que protegiam a casa quando foi alcançada pela faca enfurecida do outro irmão. Uma facada, duas, três e ela caiu no barro seco do quintal.

 

ANTÔNIO TOSCANO

O acontecimento da semana foi o aniversário do delegado aposentado da PF e advogado militantes Antônio Flávio Toscano de Moura, o homem que, designado pelo presidente da República, descobriu os matadores e mandantes da morte de Paulo Brandão.

 

NIVER DE DURVAL 

Durvalzinho, como o chamo, é o eterno menino que já é avô.  Para ele os parabéns pelo seu aniversário.

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1 Comentário

  • Reply H. Romeu Pinto 28 de julho de 2024 at 14:06

    em que ano foi este caso da moça assassinada? quero pesquisar nos jornais do arquivo do estado.

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