JUREMA PRETA (Para o meu pai que virou saudade)
Dona Emília equilibrava o prato na cabeça enquanto seguia, estrada a fora, na direção da roça onde Miguel derrubava um partido de jurema preta para, depois da queima, plantar milho e feijão.
Eu disse um prato, mas eram dois, um em cima e outro embaixo. No de baixo estavam o feijão, a farinha, a carne e a pimenta malagueta que dava gosto a comida. O de cima servia para proteger o de baixo. E os dois eram amarrados a um pano em forma de trouxa.
E lá ia Emília se desviando dos carros que passavam, pisando na lama e atravessando os pequenos córregos que a chuva criava quando caía do céu. Atrás dela o menino seguia seus passos, de vez em quando desviava a atenção para algum passarinho que passava voando ou estacionara numa estaca da cerca, ela na frente, o menino atrás e no ar o som da cantiga que ela entoava para tornar mais curta a viagem de casa até a roça.
Na chegada, o pano estendido debaixo do juazeiro, a cabaça d`água depositada ao lado e Miguel finalmente descansando o corpo moído pelo esforço da derrubada da jurema com sua foice afiada.
Sentava, tirava o chapéu, recebia o prato e comia de boca cheia. Terminava a refeição, pedia “uma golada d`água”, bebia até se fartar, em seguida engolia o café quente fervido na trempe de pedras com fogo de lenha e acendia o cigarro de fumo para “dispairecer”.
Dali a pouco recomeçaria a luta contra o partido de jurema até o sol começar a se esconder na quebrada da serra. Sol posto, foice nas costas e Miguel caminhava para casa, desta vez na companhia da amada e do pequeno, dengoso ao se sentir perto do pai e pedindo colo para a viagem de volta.
A noite chegava com nuvens escurecendo o céu e apagando as estrelas. Era hora de cubar o horizonte e conferir os riscos de luz no céu anunciando o ronco do trovão. Haveria inverno, inverno com muita água e fartura de encher cumeeiras.
E ficava ali sentado, os pés descansando dentro de uma bacia cheia d`água, conversando com Deus e pitando seu cigarro.
Ali perto, com o focinho enterrado nas bages de feijão, o cachorro tupi lhe fazia companhia.
REENCONTRO E CUSCUZ
Mais um sábado de reencontros na feira do Zé Américo. Desta vez a mesa ficou repleta de pratos, de copos e de boas conversas comandadas por Gaudêncio Cabral e tendo como “telespectadores” Marcos Burrego, Tadeu Florêncio, Edmilson Lucena e o Tião Bonitão que vos fala. De longe avistamos Pata Choca com seu andar maneiro comprando coisas para o seu restaurante. Outros sábados virão.
DOIS E MEIO
Os grandões Jacinto e Chico Pinto ombreando o pequenino Nunes, três cabras da melhor qualidade. Ou seriam dois e meio? Pense numa dúvida!
2 Comentários
E o mago Tadeu não perde uma.
O mago se acorda pra comer e come pra dormir.
Feladaputa.
Kkkkkkkk
Saudade danada de Jacintão. Referência obrigatória quando o termo era jornalismo e ética!