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Domingueiras do Tião

20 de outubro de 2024

CORONEL DO CARNAVAL

Lançava meu livro em famosa cidade do cariri, que, por coincidência, recebia a visita de ilustre filho, igualmente ministro de Corte Superior.

A festa estava linda, maravilhosamente linda, até cantor tinha, com violão e tudo o mais.

A fina flor da sociedade compareceu. Vi deputado, vi prefeita, a Câmara de Vereadores por inteiro, só faltou me darem um título de cidadão, mas aí já seria querer demais.

De repente entra o ministro, o salão silencia respeitosamente. Sou apresentado ao homem, ele recebe um exemplar de “A Guerra de Princesa”, abre, olha, folheia e interroga:

– Você é de Princesa? É a terra de Zé Pereira, não é? Me diga uma coisa, esse Zé Pereira é aquele do carnaval?

 

 

UM PRA MIM, UM PRA VOCÊ…

A passagem pelo cemitério era o caminho diário de Zé Pustema. De manhã, quando saía do sítio Maxixe em direção à rua para beber cachaça e quando o sol se punha, retornando morto de bêbado, após um dia inteiro de visitas às bodegas do Cruzeiro.

Naquela tarde não seria diferente caso seus ouvidos não tivessem captado aquela conversa doida do outro lado do muro do cemitério. O barulho de vozes chamou sua atenção e, ao encostar os ouvidos no muro, escutou bem direitinho:

-Uma pra mim, um pra você…

-Um pra mim, um pra você…

Deu uma meia volta tão depressa que não se notava qualquer vestígio de bebida no seu proceder. Correu para a Delegacia e, chegando lá, chamou pelo Cabo Dudu e alarmou:

-Corra, cabo, que Jesus tá junto com o diabo dividindo as almas!

Zé não sabia, Cabo Dudu muito menos, que minutos antes João Fiusca e Chico Passarinho haviam pulado o muro do cemitério atraídos pela safra do abacateiro nascido entre as covas do Tenente  Zé Preá e do Véi do Pife, dois inimigos ferrenhos que, depois de mortos, foram morar juntos. Pois o abacateiro nasceu entre os dois, cresceu, ficou frondoso e todo ano botava uma safra enorme.

Os dois amigos, carentes de dinheiro para comprar cachaça, foram ao cemitério colher os abacates e, após subirem na árvore com as sacolas penduradas, começaram a dividir:

-Um pra mim, um pra você…

-Um pra mim, um pra você…

-Você deixou cair dois do lado de fora do muro! -, reclamou João Fiusca, ao que Chico, colhendo mais abacates, respondeu:

-Não tem problema, depois que a gente terminar aqui, pega os outros dois.

-Então tá bom, mais um pra mim, um pra você.

Cabo Dudu, que dava o seu tradicional cochilo, mandou Pustema calar a boca.

– Juro que é verdade.

O cabo, movido pela curiosidade, saiu atrás de Zé e, ao chegarem perto do muro, começaram a escutar…

– Um para mim, um para você…

O guarda assustado:

– É verdade! É o dia do apocalipse!

-Eles estão dividindo as almas dos mortos! O que será que vem depois?

Curiosos, ouviram mais:

– Um para mim, um para você. Pronto, acabamos aqui. E agora?

– Agora a gente vai lá fora e pega os dois que estão do outro lado do muro…

Não deu pra quem quis. Cabo Dudu, botando sebo nas canelas, gritou um -Cooooooooooooooorrre!!!!pra Zé Pustema e sumiu na capoeira.

 

 

NIVER DE LUIZ PEIXOTO

Ontem foi comemorado o aniversário de Luiz Peixoto, ex comunista do PcdoB, hoje fervoroso servo da igreja católica, marido da minha cunhada Tânia e cunhado da minha esposa Cacilda. Homem bom, manso, solidário, professor de geografia, tocador de violão, artista plástico e um excelente contador de causos.

Daqui o nosso abraço.

 

 

NININHA NA TERRINHA

A mana Nininha Lucena chegou por aqui na sexta e fica até segunda. Veio resolver problemas e rever a família que mora em grande parte na Capitá do Estado.

 

 

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