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Domingueiras do Tião

12 de janeiro de 2025

CASAMENTO DO ANO

Roque de Joaquim Conrado preparou o casamento da filha Enedina com muito empenho, não queria fazer feio. Só de comida mandou matar 22 capões, 30 galinhas de capoeira e 14 carneiros capados.Some-se a isso as buchadas respectivas e o picado de dar água na boca. Pirão, arroz do Piancó, feijão de corda e cuscuz enfeitaram a comprida mesa colocada sob a sombra de frondosa mangueira, na beira do riacho onde os pinguços mergulhavam para curar os efeitos da cachaça.

Enedita, toda de branco, dentro do vestido costurado por Antônia Pé de Banha, compareceu de véu e grinalda aos pés de Frei Terésio, onde já a esperava o seu amado noivo,  Deca de Agripino, vestido de azul turquesa, um paletó com dois lascões atrás, última moda importada da 25 de Março pelo elétrico Astreço Massaroba.

Testemunharam o enlace, pelo lado da noiva, o Tião aqui e a sua conje,  Dominguim de Seu Neco, Aldo Ronco Grosso, Paulo Bocão, Nigel Mansel Macaxeira, Nunu de Teté, Zé Lambreta, João Passarinho e Mané Ventania.

As testemunhas do noivo vieram de fora e dentre elas se destacavam Gilberto Carrola, Josinato Gomes, Pereirinha do Valentina, Toinho Priquito de Ovelha, Otacilio Trajano, Bigu do Chifre de Ouro, João da Olaria, Batista do Capim e Antônio Tranca Rua.

A festa foi a maior de todos os tempos na região do Arrocha Aro. Depois da cerimônia religiosa o padre se sentou no centro da mesa e devorou uma galinha com pirão. Os outros comensais fizeram o rapa no estoque de comida e degustaram a mais legítima cana de cabeça, fazendo mistura com vinho de jurubeba Indiano e Pau Dentro de Zé Brejeiro.

O forró começou perto das oito da noite, Mané Tocador no fole, João Caiti no pandeiro, João de Né no triângulo, na zabumba se revezaram Bicudo Massaroca e Mitonho e o cantor era Bibiu.

Houve um pequeno incidente no meio da noite quando Miguezim do Véi Migué, já meio triscado, quis tirar a noiva para dançar. Ela disse que não ia, ele insistiu, o noivo pegou ar e só não partiram para a imbuança porque o delegado Muriçoca apartou a briga e ameaçou levar todo mundo pra cadeia.

A madrugada chegou com os convidados tibungando nas águas do riacho para tirar a ressaca.

Os noivos, como era de se esperar, fugiram perto da meia noite e lá pras tantas se escutou um estampido estremecedor. Era o cabaço da nubente voando pelos ares.

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3 Comentários

  • Reply EDGAR 12 de janeiro de 2025 at 10:30

    O estampido estremecedor foi porquê a noiva botou “poiva ” no tabaco porque já era furada. Depois da festança foi todo mundo para o CABARÉ DE ESTRÊLA.

  • Reply Thiago 12 de janeiro de 2025 at 21:52

    Acaba de falecer o Desembargador Júlio Aurélio Coutinho, pai do Desembargador Fred Coutinho

  • Reply CICERO DE LIMA E SOUZA 13 de janeiro de 2025 at 07:44

    QUE TEMPO MARAVILHOSO O ESTAMPIDO DO CABAÇO.
    HOJE ISSO É PRATICAMENTE IMPOSSÍVEL.

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