SADY E ÁGABA, UMA TRAGÉDIA PARAIBANA
Ágaba Medeiros estudava na Escola Normal e Sadi no Lyceu Paraibano. Separando-os havia a Praça Felizardo Leite, mais tarde rebatizada com o nome de Praça João Pessoa. O ano era 1923.
Na Escola Normal só estudavam moças, no Lyceu estudavam os rapazes e na hora do recreio moças e rapazes eram separados pela Linha da Decência. Ninguém cruzava a linha e, para garantir isso, havia o guarda Antônio Carlos Menezes armado com um revólver 38 cheio de balas, protegido do Monsenhor José Milanez, diretor da escola.
Ágaba era natural da Capital, Castor de Soledade, os dois namoravam mas não podiam se encontrar no intervalo das aulas, a Linha da Decência não permitia.
A paixão de Castor, porém, falou mais forte naquela tarde de 22 de setembro. Ele cruzou a linha, queria ver a amada. O guarda o interpelou, o proibiu de seguir adiante, Castor insistiu e o tiro o jogou ao chão. Ainda com vida foi levado ao Pronto Socorro, mais adiante, os médicos Newton Lacerda e Adhemar Londres, que estavam de plantão, tentaram reanimá-lo, não deu, Sadi Castor estava morto aos 25 anos de idade.O Padre Zé Coutinho lhe deu a extrema-unção.
Os estudantes se revoltaram, quase incendiaram a cidade. Desfilaram com o corpo do jovem assassinado, destilaram ódio contra o diretor da escola e criador da Linha da Decência, o Jornal A União, subordinado ao Governo Solon de Lucena também foi alvo da fúria por noticiar a morte com informações deturpadas.
Ágaba, o amor de Castor, tinha apenas 16 anos. E a dor que sentiu foi tão grande que 15 dias depois do assassinato do namorado tomou veneno e morreu.
Deixou, numa carta para a mãe de Sady, as explicações para o suicídio:
“Parahyba, 6 de outubro de 1923.
Minha mãezinha,
Peço-vos desculpas de assim vos tratar, mas os laços que me prendiam ao vosso filhinho, permitem que assim vos trate. É lamentável dizer-vos o estado em que me acho desde o desaparecimento de meu inesquecido mui amado Sady. Peço-vos perdão de minha ousadia, mas, venho, por meio desta, dizer-vos que comungo convosco da mesma dor.
Ah! se não fosse ferir o vosso e o meu coração relataria o modo, os sentimentos daquele que tão cedo foi arrebatado do meio honrado em que vivia. Não sei por onde se acha a mala daquele que espero que Deus tenha em sua companhia; queria que vos interessásseis em mandar buscar. Resta-nos confiar na justiça da terra? Não, confiarei na Divina, pois que aquela falha e esta não falhará jamais.
Confiando no vosso coração, espero não se zangará quando esta receber. Peço-vos que abençoeis aquela que amanhã irá fazer companhia àquele que soube honrar e fazer-se honrar.
Abraçai as maninhas pela desventurada
Ágaba Medeiros”
MIÓ DO SERTÃO
Levamos os amigos Neném e Liana para conhecer o Mió do Sertão, um local de boas conversas e saborosas comidas instalado no Bairro do Bessa. Impedido de ir ao cuscuz do Zé Américo por causa da virose, tirei o atraso na noite de sábado. Comi cuscuz com bode em plena orla e o sabor da carne em nada ficou a dever ao bode no vinho que Dona Cacilda faz e me deixa lambendo os beiços.
Nenem e Liana são dois sertanejos, ele de Sousa, ela de Patos, deu mesmo certo com a gente, eu de Princesa e dona Cacilda de Pirpirituba. São nossos bons amigos.
CONVITE ACEITO
Cícero Lima convida, ou melhor, intima a uma visita ao seu acolhedor refúgio em Lucena. Falta só escolher o dia, mas a intimação será cumprida quando maio chegar.
3 Comentários
Ô povo prá gostar de cuscúz com bode. Nãnnnnn.
Tião, A União cozinhou uma entrevista do bonitão com o lendário Enoque Pelágio. Por desconhecimento ou preconceito, o jornalista que escreveu o texto publicado hoje “esqueceu” de dizer que Enoque também foi repórter de jornal, no então prestigioso O Norte, dos Diários Associados. O sumido locutor e apresentador Sílvio Carlos foi creditado no texto como Sílvio Caldas.
Meu advogado está de férias, aí tem uns que estão casados a mais de trinta anos e tem filhos de trinta anos com as mulheres da rua da Areia ķkķkkkķķkķkkkķķķ