UM CENTRO DE CIDADE QUE SE DESMANCHOU
Esse centro de João Pessoa, que está se findando, já foi a coqueluche da cidade. Ainda vi, convivi com ele, passeei pelas suas noites e sinto saudades desse tempo. O Ponto de Cem Réis era povoado. Quando a noite batia, abriam-se as portas do Parahyba Palace Hotel para os notívagos frequentadores da sua boate. A pouca luz emprestava ao ambiente um cheiro de pecado. Mas era um pecado bom, com gosto de quero mais.
Quem não podia frequentar a boate do Parahyba se recolhia a lanchonete de Zezinho, ao 2113 de Evilásio de Andrade, aos restaurantes da Lagoa Pietros, Flor da Paraíba e Cassino, antes entrando na 13 de Maio para saborear a Fava do Ebraim, tomando uma gelada ou derrubando uma meiota da mais legítima e saborosa Engenho do Meio, aquela fabricada em Santa Rita no engenho de Severino Maroja.
Pecava-se entre as Palmeiras da Lagoa com as irmãs mulatas que davam amor em troca de desmerréis, ou então descia a ladeira a procura das fadas da Praça Pedro Américo, do derredor dos Correios , dos becos escuros da rodoviária.
Sem esquecer o Pavilhão do Chá com seus garçons impecavelmente vestidos, o terno branco e a gravata borboleta adornando a elegância, e as mesas dispostas no salão em forma de círculo, onde eram servidos os mais variados quitutes e a cerveja Pilsen Extra da Antarctica exigida pelo jovem Eilzo Matos no fulgor dos seus enxerimentos.
Tinha mais coisas pra se ver e viver. A começar do Luzeirinho no final da Vasco da Gama em Jaguaribe, do Woodstock na esquina da Rodrigues de Aquino em demanda do Mercado Central, do Grande Ponto de Seu João, da Cantina do Camões na pracinha do hoje Sabadinho Bom, do Bar da API e do Bar do Grego.
Roupa boa só quem vendia era a Le Mans de Geraldo Gomes de Lima, calçado só na Cherry de Aristides, joias só em Jardel, móveis só na Movelaria Pernambucana de Gilda Almeida, quem tocava comprava seus instrumentos no Tamborim de Ouro e remédio bom só quem tinha era a rede de farmácias Padre Zé de Josélio Paulo Neto.
Era chique demais almoçar no restaurante da sede central do Cabo Branco, na Duque de Caxias. O bode com feijão verde era apreciado pelos deputados Ruy Gouveia, Bosco Barreto e Antônio Montenegro, que exigia sempre, antes da comida, uma boa lapada de conhaque Dreher para abrir o apetite.
Nem preciso dizer que isso não mais existe. As putas sumiram com o progresso, os bares foram engolidos pelas novidades da orla marítima, as lojas fecharam para dar lugar aos shoppings e aos lugares chiques da Epitácio, de Tambaú e da estrada de Cabedelo e as lanchonetes, mais a fava da 13 de Maio, saíram de moda.
Quem passa, hoje, pelo centro de João Pessoa, vê os prédios, mas se olhar direito também verá as placas de “vende-se” e “aluga-se” anunciando que ali não mora mais ninguém.
CONGRESSO EM SÃO PAULO
A advogada e futura médica Maria do Carmo de Lima se encontra em São Paulo participando com colegas do Centro Universitário de João Pessoa-UNIPÊ do Congresso Paulista de Anestesiologia, promovido pela Sociedade de Anestesiologia de São Paulo. O Congresso reúne participantes de todos os Estados do País e este ano o tema principal será a “INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA ANESTESIOLOGIA”. O encontro contará com importantes palestrantes em busca de avanços, desafios e atualização científica voltada para oferecer aos profissionais (médicos) e universitários do ramo da medicina, temas atuais e futuros sobre a anestesiologia nacional e mundial. Juntamente com Maria do Carmo de Lima, também participaram do importante Congresso, Daniele Pereira da Silva, Carolina Rodrigues de Carvalho, Luiza Pontes Alves e Luciana Ferreira de Sousa.
TCC NOTA DEZ
Eu fiquei ancho, orgulhoso, quase não consigui esconder uma lágrima teimosa que denunciava a emoção ao ver minha primeira neta, Emília, defender o seu TCC para uma vigilante banca na UFPB e ao final, além da nota dez, receber rasgados elogios das examinadoras. Ela se forma este ano em Psicologia e está se especializando no atendimento de crianças portadoras de autismo. Vai ser uma profissional competente e respeitada, disso não tenho dúvidas.
DAL E LAILA
Meus sobrinhos Dal e Laila, ele pai dela, ela filha dele, comemoraram aniversário duplo neste sábado. Dal é filho da minha irmã Nininha e do saudoso Sebasto. Laila é a doçura da família.
EMÍLIA, CEM ANOS
Dona Emília, minha mãe, alvo da minha saudade, presença diária nas minhas lembranças, lacuna impreenchível neste envelhecido coração, completaria cem anos ontem. De onde estiver peço encarecidamente que continue cuidando de nós.
Sem Comentários