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DOMINGUEIRAS DO TIÃO

8 de março de 2020

AS MULHERES DA MINHA VIDA

A primeira mulher da minha vida foi dona Emília, minha mãe.Ela me deu a vida e, mais que isso,  deu amor, educação e norte. A ela devo tudo, inclusive minha saudade e essa lembrança que de vez em quando aperta o peito e me faz ser menino de novo, querendo colo e dengo.

Depois dela,claro que a grande mulher, a incomparável e insubistituível é dona Cacilda, minha esposa.

E que minhas amadas irmãs não fiquem com ciúmes por ter pulado de mamãe para ela, Cacilda.Isso não quer dizer que não as ame e que não as considere mulheres da minha vida também.

É que, por uma consequência natural da vida, nascemos dos pais, formamos a primeira família e depois partimos, como aves de arribação, para construir nossos próprios ninhos.

Minhas irmãs construíram os delas e se tornaram mulheres na vida de seus maridos. Eu construí o meu com dona Cacilda e a partir daí ela tornou-se a mulher da minha vida.

E se nesses quarenta e três anos de ajuntamento fomos felizes, igualmente enfrentamos as barras mais pesadas que alguém pode imaginar.

Essas barras pesadas, porém, foram vencidas graças à tenacidade daquela que conheci quase menina e que se tornou mulher de fibra, de coragem e de destemor.

Sua solidariedade esteve presente nas horas boas e nas horas amargas.

Quando os amigos esqueceram nosso endereço, quando o carro foi vendido para pagar as contas, quando a casa própria foi devolvida ao banco e fomos morar numa casinha feia de conjunto, alugada; quando não tivemos mais dinheiro para sair aos domingos e almoçar fora, quando a feira minguou, quando contamos as moedas para, na soma, arriscar a compra de um quilo de feijão, lá estava ela, sorrindo e achando bom, dizendo que aquilo passaria e dias melhores estavam por vir.

Por isso ela é a mulher da minha vida.

Embora hoje, na descida da ladeira em busca do ocaso da vida, outras mulheres importantes tenham povoado meus dias, minhas noites e meus sonhos. 

Mulheres igualmente lindas e amadas.

A primeira delas é a minha primogênita, Niâni, meu xodó.

Uma filha maravilhosa, guerreira, batalhadora, a cara da mãe.

E com ela vieram Emília, a neta dos meus chamegos.Linda, educada, inteligente, focada no seu objetivo de se tornar psicóloga e mais tarde, também, embaixadora de Jesus junto aos necessitados de fé.

Priscila, que chegou depois como uma chuva de verão, já se pondo mocinha, atrevida, enxerida, meu xamego de vovô coruja, que me faz, já com os cabelos enbranquecidos, voltar a ser menino e com ela aprontar peraltices por esse mundo afora. Peraltices como brincar na terra, rolando pelo chão, do mesmo modo que um dia se fazia no chão de Princesa sob a vigilância da cuidadosa dona Emília. E por último Mariana, a mais nova das mulheres da família, linda, centrada, inteligente, meiga, a cara da mãe, Andréia, que chegou de mansinho para, ao lado do meu Felipe, ser paz e, como as outras, formar no time das mulheres da minha vida.

E tem Juliana, o mais doce presente que Deus deu à nossa família.

Sou grato a Deus pela família que me deu e pela mulher que reservou para compartilhar essa caminhada.

Em tempo: tia Jovem foi a mãe que me acalentou quando o acalanto de dona Emília voou juntamente com ela nas asas do passarinho celestial.

 

A MULHER DA SEMANA

E não tem como não ser ela: Márcia Lucena, pela coragem de dar a cara a tapa, pelo destemor de se exibir como vítima de um sistema cruel que condena primeiro para julgar depois. A tornozeleira que colocaram nela foi transformada em adorno e o povo entendeu isso.

Ela poderia ter escondido. Mas só se esconde aquilo que nos envergonha. Márcia entendeu que o castigo que lhe impuseram jamais será maior do que a sua dignidade. Por isso o meu aplauso e minha respeitosa reverência a essa mulher coragem.

 

NO CUSCUZ

Mas como ninguém é de ferro, paramos neste sábado em Mangabeira para rebobinar a fita, revisar o motor e reiniciar o computador comendo cuscuz com bode e café com leite ao lado dos guerreiros Edmilson Lucena e Emanuel Arruda.

Na pauta, além da degustação tão aguardada, as coisas de Princesa e a chuva que cai por lá.

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4 Comentários

  • Reply Sebastião Gerbase 8 de março de 2020 at 07:38

    Amigo Tião, lá no meu interior, quando os amigos vão aos costumeiros encontros sem avisar a um deles, agente diz que botaram cangáia.

  • Reply Delfos 8 de março de 2020 at 08:59

    A estória por trás da ida do Ronaldinho Gaúcho ao Paraguai envolveria uma campanha de divulgação de uma ONG, ligada à empresária que patrocinou a ida dele ao Paraguai.
    Politicos do Partido Colorado teriam ligações com a empresária e sua ONG.
    O detalhe é que a ONG não possui sequer página oficial e nem contayo. Rudo o que existe seria uma página no Facebook chamada: “Ronaldinho no Paraguai”, na qual constam as nações sociais que seriam desenvolvidas lela entidade, além do lançamento do livro escrito pelo ex-jogador.
    No último dia 5, a minstra Rosa Weber manteve a apreensão dos passaportes dele e do irmão feita em 2015, em decorrência da condenação por xrime ambiental, motivada pela construção ilegal de um trapiche no Lago Guaiba, em Porto Alegre, área de preservação ambiental.
    Ronaldinho e o irmão foram condenados a pagar jma multa de 800 mil, com valor atualizado em 8 milhões. .
    A apreensão dos passaportes decorre do não pagamento da multa.
    Daí a jovada de gênio de usar passaporte paraguai falso, no Paraguai.
    Vyro, muy vyro….

  • Reply Delfos 8 de março de 2020 at 10:42

    Bolsonato, como não tinha nada mesmo a dizer, saiu do jantar ckm o Trump e tuitou sobre a Folha.
    Ele poderia ter postsdo, com letras bem grandes, tudo o que conseguiu do Trump:
    ” I don’t make promises”

    Traduzindo: Abra as pernas e vá se ferrar!

  • Reply Angela 8 de março de 2020 at 12:36

    DA ASSOCIAÇÃO DE MÉDICAS E MÉDICOS PELA DEMOCRACIA.

    Neste Dia Internacional da Mulher, devemos perguntar: por quem os sinos dobram?

    O Dia Internacional da Mulher (8 de março) é um dia em que globalmente celebramos as conquistas sociais, econômicas, culturais e políticas das mulheres. O dia tem como objetivo ajudar as nações do mundo a eliminar a discriminação contra as mulheres, defender suas realizações, reconhecer os desafios e concentrar mais esforços na defesa dos direitos das mulheres e na igualdade gênero. O ano de 2020 representa uma oportunidade imperdível de mobilizarmos nossa sociedade para alcançar esses objetivos, frente os desafios que atualmente enfrentamos.

    Em muitos lugares do mundo, e mais especificamente no Brasil, as mulheres, as adolescentes e as meninas continuam sendo subvalorizadas; trabalham mais, ganham menos e têm menos opções na vida; experimentam múltiplas formas de violência em casa, no trabalho, na escola e nos espaços públicos; e muitas são mortas só pelo fato de serem do gênero feminino. As estatísticas de violência são assustadoras para as mulheres. Uma em cada três mulheres sofrem violência todo ano no Brasil. Essa forma de violência constitui-se em uma das principais formas de violação dos seus direitos humanos, atingindo-as em seus direitos à vida, à saúde e à integridade física. Ela é estruturante da desigualdade de gênero, pois além das violações aos direitos das mulheres e a sua integridade física e psicológica, a violência contra mulheres impacta também no desenvolvimento social e econômico de um país.

    É importante frisar que as mulheres e meninas são mortas em grande parte vitimas das violências cometidas no âmbito privado, diferentemente da violência praticada contra homens, que ocorrem, em sua maioria, nas ruas. A violência doméstica frequentemente é praticada por pessoas próximas à sua convivência, como namorados, maridos, ex-maridos, companheiros, ex-companheiros, pais, padrastos, avôs, irmãos, etc. Onde deveria existir uma relação de afeto e respeito, existe uma relação de violência, desde agressões físicas até psicológicas e verbais. Estereótipos de gênero, muitas vezes invizibilizada por estar atrelada a papéis que são culturalmente atribuídos para homens e mulheres, conceito ainda muito arraigado em nossa sociedade, agravam ainda mais essa condição. Tal situação torna difícil a denúncia e o relato, pois torna a mulher agredida ainda mais vulnerável à violência.

    A legislação nacional brasileira contempla a proteção da mulher quanto à prática de violência na esfera privada. A Lei Maria da Penha – Lei nº 11.340/2006, um dos instrumentos mais potentes para o enfrentamento da violência doméstica e familiar contra as mulheres, certamente é um avanço civilizatório em nosso país pois garante mecanismos de proteção e prevê a criação de serviços especializados compostos por instituições de segurança pública, justiça, saúde, e da assistência social. Entretanto, após quatorze anos, a pergunta que fica no ar é a seguinte: se temos uma das melhores leis do mundo para o enfrentamento à violência contra a mulher, o que justifica o elevado número de feminicídios no Brasil?

    Não é apenas no âmbito privado que as mulheres são expostas à situação de violência. Esta pode atingi-las em diferentes espaços, como a violência institucional, podendo ser caracterizada desde a omissão no atendimento até casos que envolvem maus tratos e preconceitos. Esse tipo de violência também pode revelar outras práticas que atentam contra os direitos das mulheres, como a discriminação racial. A violência institucional se faz presente nos diferentes cenários sociais, porém, são nos serviços de saúde, principalmente nas relações estabelecidas entre profissionais de saúde e usuárias, que se manifesta de forma imperceptível, apesar de ser empregada abertamente a anulação da autonomia e a discriminação por diferenças de gênero, socioeconômicas e culturais.

    Sabemos que nós mulheres somos metade da humanidade e parimos a outra metade. Entretanto, a discriminação contra as mulheres leva a mortes e danos evitáveis, principalmente durante a gravidez e o parto. A cada ano, milhares de mulheres e meninas morrem e milhares se tornam deficientes em decorrência da gravidez, parto ou aborto no Brasil. Além da trágica perda de vidas, a mortalidade materna também desencadeia e agrava ciclos de pobreza que causam gerações de sofrimento e desespero. Quando as mães morrem, as crianças, e principalmente as meninas, correm maior risco de abandonarem a escola, ficarem desnutridas e simplesmente não sobreviverem, o que afeta milhares de famílias todos os anos. Não existe uma causa única de morte entre homens em idade fértil que seja próxima da magnitude da mortalidade materna evitável. Inequivocamente, a mortalidade e a morbidade materna são uma questão de gênero e de direitos humanos.

    As mulheres têm o direito de participar dos processos de tomada de decisão que afetam sua vida em sociedade, ainda mais no que tange sua saúde sexual e reprodutiva. Permitir que tenham acesso às informações corretas, que desfrutem dos benefícios do progresso científico e se beneficiem destes para alcançar os mais altos padrões de saúde, fará com que a vida delas seja salva todos os dias.

    Precisamos de implementação de políticas públicas e dos recursos que as acompanham, precisamos fazer mudanças ambiciosas no status das mulheres na sociedade e nos direitos das mulheres, precisamos rejeitar os estereótipos de papéis sexuais e precisamos que as mulheres sejam acreditadas, respeitadas e valorizadas e que os perpetradores sejam responsabilizados. Precisamos ouvir as demandas das mulheres e ajudar a articular e ampliar essa voz enquanto, ao mesmo tempo, construímos capital social e combatemos às desigualdades. Como as promessas feitas por nossos governos de promover os direitos, garantir a igualdade, o desenvolvimento e a paz para todas as mulheres ainda não foram cumpridas, e mulheres e meninas continuam sofrendo discriminação e violência, é dever do Estado e uma demanda urgente da sociedade enfrentar todas as formas de violência contra mulheres, tanto nos espaços privados quanto nos públicos. Coibir, punir e erradicar todas as formas de violência devem ser preceitos fundamentais de um país que preze por uma sociedade justa e igualitária entre mulheres e homens.

    Não há tempo a perder. Quando morre uma mulher, morremos todos, pois somos parte da humanidade; eis porque nunca pergunto por quem os sinos dobram. Eles dobram por todas nós!

    Maria Helena Bastos, MD, MSc, PhD

    Obstetra e Ginecologista, pesquisadora em saúde da mulher, adolescente e da criança

    Associação Nacional de Médicos e Médicas pela Democracia (ABMMD – Rio de Janeiro)

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