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DOMINGUEIRAS DO TIÃO

18 de outubro de 2020

SAUDADES

Sinto saudades da João Pessoa provinciana, com cara de interior, sem mortes violentas, sem assaltos, sem estupros, sem carros se desmanchando nas ruas asfaltadas e desmanchando gente; a João Pessoa que me deixava andar da Lagoa para a Torre e vice-versa, a qualquer hora da noite, sem o temor de encontrar pela frente algum desalmado armado de revólver, pronto para me mandar passar férias eternas no além em troca de algumas moedas.

Claro que tenho saudades, até mesmo do “Tarado do Compasso”, aquele que vivia perseguindo as mulheres que trafegavam pela Lagoa, montado numa bicicleta e levando na mão direita o compasso afiado, com o qual furava as bundas das suas vítimas. Era um inocente, comparado aos que hoje torturam e asfixiam mocinhas que a eles se entregam por alguns cruzados sujos de sangue, nicotina e cocaína.

Saudades do Bar da Fava da 13 de Maio, onde eu, Pinto, Góes, Pedro Moreira, Camurça, Josinaldo Malaquias, Antonio David, Jackson Bandeira, Marciano Soares, Biu Ramos, Júlio Santana, Edmilson Lucena, Paulo Santos, Barbosinha, Abmael, Petrônio Ferreira, Fodinha, Jair Santana, Franto Júnior, Carlito e outros, muitos outros, afogávamos a mágoa do lizeu bebendo cachaça com fava, tripa, mocotó de boi e outras guloseimas, deixando a conta no pendura para quando Murilo Sena, sob a supervisão de Zé Souto,  nos desse o vale salvador que serviria para atualizar as contas em atraso.

E tinha bar de todos os jeitos e lados: o “Grande Ponto”, de Seu João, que ainda hoje funciona milagrosamente perto da Embratel, mesmo com os fiados que ficaram eternizados; o “do Grego”, na descida para a Lagoa pelos lados do INSS, que recebia os notívagos ávidos por uma cerveja e por uma espiadela na “grega” que servia as mesas; o “Woodstock”, que quase acabamos durante a famosa briga em que Chico Pinto e Tico, também Pinto, mediram forças por causa de um livro emprestado; o “Pavilhão do Chá” quando ainda não era o recanto das putas e das bichas; o de “Camões”, que servia a melhor língua ao molho de madeira do mundo, a “Flor da Paraíba”, que ficava olhando diretamente para as águas da Lagoa; o “Pietros”, o “Cassino”, tudo fechado, ou melhor, grande parte de portas cerradas e uns poucos funcionando na base da teimosia, pois a moda agora é orla iluminada e outras quizilas cheias de fumaça e pó branco.

E sinto, por que não dizer, saudades dos cabarés da Maciel, da Rua da Areia, dos arredores dos Correios e Telégrafos, das putas avulsas dos chaps-chaps, inocentes putas que nos davam amor barato e sem aids.

Não venham me dizer que a saudade bate no peito porque dentro de poucos dias estarei entrando na casa dos “meia-nove”, porque não é verdade. Sinto saudades por saber que a minha João Pessoa provinciana se foi com os verdes anos da minha juventude, ganhando jeito de metrópole, crescendo para o céu com seus prédios enormes e passando a conviver com as mazelas e misérias que antes eram privilégios somente do Rio ou de São Paulo.

 

NIVER DE ZEBEDEU

O nome de batismo dele é Flávio Alberto, mas o conheci como Zebedeu e como Zebedeu ficou. Leitor assíduo deste blog, cabra bom e arretado, de bom papo e antenado com tudo que acontece ao redor do mundo, foi um dos primeiros amigos que fiz na minha nova fase brejeira. E ontem foi o seu aniversário, que registro aqui com muito prazer e satisfação.

 

NÍVER DE NÁDIA GERMANA

Esta eu vi menina. Como menina foi madrinha de apresentação da minha filha mais velha. Nádia Germana ou Nádia de Vavá Lima como sempre a chamei é uma amiga, uma prima, uma pessoa doce como o mais doce dos doces de leite que a gente experimentava no café de Dona Hozana na saudosa Princesa está comemorando aniversário com amigos mais próximos e a família que ela ama como a coisa mais preciosa deste mundo.

 

BASINHO E A COVID

Eu bem que avisei a ele: Pare de bater perna por Cajazeiras, Soledade, Patos e o diabo a quatro. Não deu outra: pegou Covid. Mas, forte como sempre foi, derrotou a bicha e está aí de novo, pinotando num pé só e contando a história.

Falo de Sebastião Gerbase, o Basinho de todos nós.

Tomara que agora crie juízo.

 

NÍVER DE GIOVANNI

Costumo dizer que ele foi o editor mais democrático com quem trabalhei. Nunca censurou um texto meu. Ao contrário, jogou limpo o tempo todo e me prestigiou além da conta.

Giovanni Meireles é, por isso tudo, um amigo que preservo acima de qualquer coisa. Preservo porque o conheço, sei do seu caráter e da sua retidão.

Em outros anos estive ao seu lado comemorando. Nesse aniversário, porém, a Covid nos afastou a todos e os parabéns têm que ser assim, cibernéticos.

 

ZELITO NUNES

E estava eu aqui, boquinha de noite, me intertendo com os fuxicos da vida, quando o telefone tocou. Do outro lado estava Zelito Nunes, o poeta, o escritor, o agitador cultural, o cabra bom que o cariri de Monteiro pariu para o Recife, que o adotou e dele não abre mão.

Conversamos sobre muitas coisas e rimos muito com as estrofes de Miguezim de Princesa sobre o senador que enfiou três tufos de dinheiro no fogareiro.

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5 Comentários

  • Reply Zé Bedeu 18 de outubro de 2020 at 06:14

    Tião, tú és um camarada de qualidade.

  • Reply Angela 18 de outubro de 2020 at 07:20

    Tião, o teu amigo não vai seguir o teu conselho: ” tomara que agora crie juizo”.
    O que se ver todo dia é gente que se curou da Covid-19 agindo como se fosse imortal.
    Só espero que não tenham ficado resquícios da Covid-19 no organismo dele.

  • Reply Angela 18 de outubro de 2020 at 08:11

    Tem gente que ao invés de pedir desculpas, fala mais merda.
    Tem cara que não sabe a diferença entre ser “omi” e ser Ho.mem.
    Tem canalha que usa a Biblia e a Familia para tentar se safar das canalhices praticadas.

    Sabem de quem estou falando?

    E VIVA O MOVIMENTO FEMINISTA!

  • Reply Delfos 18 de outubro de 2020 at 09:18

    O Bolsonaro precisa inventar uma nova maneira de testar a sua popularidade. Ir para beira de estrada, não dá!
    Ou ele está querendo ocupar o lugar dos pardais móveis que mandou tirar?
    Pode acabar provocando um acidente, isso sim.

  • Reply Angela 18 de outubro de 2020 at 11:10

    Soube agora mesmo que tem bolsonarista maluco programando um protesto no dia 01/novembro, em São Paulo, em plena Av. Paulista, contra a vacina da Covid-19 que o Gov. Dória vai mandar aplicar na população.
    Um absurdo!
    Gente, loucura é uma coisa, irresponsabilidade é outra bem diferente.
    Para a primeira tem remédio que controla, para a segunda é caso de polícia.

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