DOMINGUEIRAS DO TIÃO

GALINHO ASSIS

Galinho Assis ERA um agente fiscal enjoado, acochado e brabo, que foi mandado pra Princesa para acabar com o contrabando de algodão, couro de bode, couro de boi, agave e feijão de arranca que na década de 50 proliferava por  aquelas bandas. Intransigente no cumprimento do dever, Galinho Assis não respeitava idade nem poderio de ninguém. O sujeito podia ser afilhado de Nominando ou Aloysio Pereira, os dois comandantes políticos da região, que pagava imposto do mesmo jeito.

A fama de Galinho se alastrou pela região e todo sonegador fugia dele como o diabo da cruz. Pedidos e mais pedidos chegavam à mesa do secretário das finanças do Estado, para que ele fosse transferido, mas o secretário nem ligava, pois precisava de um agente valente para botar as coisas nos eixos naquelas paragens.

Em Tavares morava um galego enxerido, que se gabava de passar pitu em todos os agentes do Fisco. Nunca fora pego por ninguém. E levava seu contrabando até mesmo para João Pessoa sem que fosse incomodado.

Assis chegou na cidade disposto a acabar com a fama do dito cujo. Se informou dos seus hábitos e montou guarda no cabaré de Tavares, bem na saída da cidade, esperando a hora de dar o bote. Para se prevenir, pediu que um menino ficasse vigiando a estrada, para avisá-lo quando o criminoso passasse com a sua carrada de muambas.

Estava na metade da cerveja, com a fogosa Goreti de Antonio de Angélica no colo, quando o esbaforido menino deu o alarme, dizendo que o galego já estava na estrada, em demanda da Capital. Galinho botou o jeep 57 atrás dele e foi pegá-lo na praça principal de Juru. Mandou parar, peguntou o que levava, para onde ia, pediu as notas e pôs-se a verificar. Soube que o cabra se dirigia à Bayeux, perto de João Pessoa, levando agave para uma fábrica de cordas que ali existia. Aliás, o galego era empregado da tal fábrica. Galinho analisou a documentação e aí anunciou:

-Vou tirar a nota para João Pessoa”. Claro que o galego discordou, pois além de pagar mais imposto, desviaria seu rumo para além do destinatário. Diante da resistência, nosso valente Galinho sugeriu:

– Então eu tiro para Santa Rita, que fica antes de Bayeux e você paga menos….

Mais uma vez o galego disse que não aceitava, que a nota tinha que ser correta, direta para Bayeux. Aí Galinho Assis perdeu a esportiva: – Sendo assim não tem nota nenhuma e a carga tá presa!” O galego também se exasperou, puxou o 38 e desafiou: -Eu solto na bala!

Galinho puxou também o seu e o duelo parou a cidade. Todo mundo se escondeu, esperando o espocar dos tiros.

Foi quando chegou Mundinho de Nezinho, chefe da coletoria, que tinha sido avisado em Princesa e correu para evitar a tragédia. Primeiro abordou o galego, para saber do ocorrido. O galego denunciou que o guarda Galinho queria tirar a nota errada, ora para João Pessoa, ora para Santa Rita, mas nunca para Bayeux, que era o era o destinatário da carga. Mundinho foi até Assis, que se protegia atrás do muro do coreto com seu revolver pronto para entrar em ação, e logo perguntou: – Que é isso, Assis, logo você querendo fazer a coisa errada!

Assis chamou-o a um canto, certificou-se de que ninguém estava olhando ou ouvindo e lhe confessou, cochichando:

– É que eu não sei escrever a palavra Bayeux!

 

NIVER DE 1BERTO

Ele anda sumido, diz que por decisão própria, mas acho que não tinha e não tem o direito de sumir sem dar notícias. Agora mesmo fico sabendo do seu aniversário pelas redes sociais. Logo ele, 1berto de Almeida, o falante!

Sumido ou não, porém, contudo e todavia, faço aqui o registro do seu níver, desejando que passe da adolescência para a idade adulta escrevendo bem como sempre e alegrando corações e mentes por esse Brasil afora.

 

NÍVER DE HILOMAR

Hilomar Araújo é o cronista do cotidiano esportivo da Paraíba. Fala bem, argumenta bem, é gente fina e da melhor qualidade. Por  isso recebeu tantos abraços pela passagem do seu aniversário.

 

NÍVER DE NAKAMURA

E o que dizer de Nakamura Black, o príncipe de ébano da radiofonia paraibana!

Antes nos víamos mais, no entanto a geografia, que separou a gente, deu-me a grande oportunidade de revisitá-lo agora, com a festa de seu aniversário, que a pandemia me obrigou a comemorar on line.