DOMINGUEIRAS DO TIÃO

A PESTE

A peste que se instalou em Princesa na quebrada do século 19 para o século 20 matou metade da população.

O cemitério encheu e o chefe da vila teve que abrir outro na saída para o Barracão.

As pessoas morriam se contorcendo de dor. Gemiam e se cagavam, antes de dar adeus à vida.

A outra metade da população sobreviveu graças a um médico que chegou por acaso a Princesa procurando o pai que não via desde menino.

Sem vacina, sem remédio, Ildefonso Lacerda preparava ele mesmo as fórmulas que depois ministrava nos doentes.

Quando a epidemia estava sendo vencida, o médico foi assassinado pelo delegado da vila e por jovens tidos como da alta sociedade.

Foi um caso de amor ferido. Ele, o médico, casara com a bela Dulce, que era cobiçada pelo delegado Neco Lima.

A ferida que se abriu no peito do delegado só  foi curada com sangue.

O médico foi morto a tiros e a golpes de punhal, em plena via pública, sob as vistas do  juiz, do promotor e do vigário.

Tempos mais tarde os assassinos apareceram mortos. Dizem que pela peste, a mesma peste que a vítima deles esteve prestes  a derrotar.

 

A PRAÇA

Recebi fotos da Praça José Nominando, em Princesa. Está abandonada, coberta de mato. A fonte luminosa se encontra em ruínas. Dizem que a Praça é do Estado, mas eu discordo. A praça é do povo e, sendo do povo, cabe ao povo, ao prefeito, aos vereadores, ao delegado de polícia, ao promotor, ao juiz e ao bodegueiro a responsabilidade pela sua manutenção.

 

A ESCULTURA DE MARCOS PINTO

Marcos Pinto fez uma bela escultura e a chamou de “Aves de Arribação”. Enchia as vistas dos turistas que trafegavam naquele trevo de acesso ao Altiplano do Cabo Branco. A escultura foi retirada do local e jogada às traças. E Marcos a encontrou assim, como está na foto, semidestruída.

Que a história saiba julgar quem cometeu esse crime.