POR ABRAÃO BELTRÃO
Hoje a Paraíba perde uma das mais sigficativas figuras da magistratura, a Drª Maria das Neves do Egito, a Doutora Nevita, como ela gostava de ser chamada.
Lembro perfeitamente, apesar do longo tempo passado, que em 1977 a minha mãe, Lia Beltrão, era a prefeita de Alagoinha, vez que fora eleita no ano anterior pela legenda do antigo MDB, e a Drª Nevita era a juíza da comarca. Naquela época se dizia, na região, que Alagoinha era dominada pela mulherada: uma prefeita, uma juíza, uma presidente de Câmara dos Vereadores (Josefa Venâncio), e uma delegada, cujo nome não recordo, e único homem que mandava em alguma coisa na cidade era o padre, e mesmo assim usava vestido! E, de certa forma, era verdade!!!
Na comarca de Alagoinha a Drª Nevita conquistou muitos amigos e admiradores, e a sua amizade com a minha mãe e com o meu pai, Geraldo Beltrão, fincou raízes no seu íntimo, sendo um exemplo imorredouro de respeito recíproco, o que a fez comparecer à solenidade de inauguração da “nova” penitenciária de segurança máxima do Estado, que passou a se chamar “Penitenciária de Segurança Máxima Criminalista Geraldo Beltrão”, em Mangaberia, e fazer um belo, emocionante e generoso discurso em homenagem ao meu pai.
Certa vez ao entrar na sala de audiências, aqui na Capital, a Drª Nevita, que presidia o ato, me cumprimentou e disse, de forma absolutamente espontâneaa e natural: “meu filho, venha aqui para perto que eu tenho uma surpresa para você”, ao mesmo tempo em que sacou da sua bolsa uma velha fotografia que retratava minha mãe e ela, em Alagoinha, para reafirmar a amizade existente entre ambas, e descortinou uma série de episódios marcantes da sua passagem como magistrada daquela pequena cidade, sempre com bom humor e um largo e inesquecível sorriso no rosto.
Resta o exemplo a ser seguido, especialmente o mais eloquente deles: o de uma magistrada da Vara das Execuções Penais essencialmente humana no trato com os desvalidos e miserabilizados. Saudade.
1 Comentário
Foi minha professora de moral e cívica no liceu, excelente ser humano. Não porque morreu mas sempre me referi a professora Nevita com boas recordacoes, de uma pessoa especialmente justa…