MARCOS PIRES
No sitio Arruda, localizado em uma cidade do sertão da Paraíba, morava um casal de velhos, ele Francisco e ela Eugênia. Ele era mentiroso que dava gosto. Um belo dia, um compadre do casal que havia ido morar em São Paulo, voltou para visitar parentes e amigos e chegou no sítio Arruda. Foi aquela festa, noticias dos parentes que ficaram em São Paulo, conversa boa, mas só o compadre de São Paulo falava. Francisco doido para falar também, mas sem espaço, até uma hora em que o compadre reparou numa espingarda pendurada na parede.
– Eita, compadre Francisco, que espingarda bonita.
– Pois é, essa é minha espingarda de caça. É da boa, lhe garanto. Não perco um tiro. Inda ontem de manhã, tava descendo aquele baixio do açude e de repente vi trinta e seis rolinhas voando. Lasquei um tiro e me diga mesmo, quantas rolinhas o compadre acha que eu matei?
– E eu sei lá, compadre, quantas rolinhas você matou com o tiro que deu?
– Pois eu matei as trinta e seis rolinhas com um tiro só.
Nesse momento, Dona Eugenia que entrava na sala com um bule de café para servir à visita completou:
– E o macaco, Chico?
Disse isso, deixou o bule de café na mesa e voltou para a cozinha.
De noitinha, quando o compadre já havia ido embora, Francisco procurou Eugênia, que estava no quintal e reclamou:
– Ô mulher, da próxima vez não se meta nas minhas histórias, por que você não imagina o trabalho que deu eu botar o macaco voando no meio das trinta e seis rolinhas.
II
Há em Patos um personagem conhecido como “Chico das preacas”. Dizem que ele é chegado a um dinheirinho emprestado; já pagar que é bom, é outra conversa. Pois esse tal Chico soube que um novo gerente havia assumido a agencia local do Banco do Brasil. Imediatamente pôs seu terno branco, chapéu, gravata vermelha, e subiu apressado a escada que dá acesso à gerencia do banco. Largo de gestos e bem falante, foi logo se apresentando.
– Boa tarde. Eu sou Francisco Martins, produtor rural, grande fazendeiro aqui em Patos. Como é mesmo o nome do senhor?
– Boa tarde, eu sou o novo gerente, meu nome é Toshio, sou filho de japoneses que emigraram para São Paulo.
Querendo agradar, Chico apontou para um retrato do Presidente Sarney (então Presidente da República) pendurado na parede e perguntou ao nissei:
– É seu parente? É a sua cara. Mas veja bem, eu vim aqui para fazer negócios com o Banco do Brasil. Aliás, já tenho conta aqui.
Enquanto o gerente pedia a ficha de Chico, tomaram um café pequeno e o “japa” foi desfiando seu rosário.
– Pois é, Seu Francisco, vim aqui para incrementar negócios; queremos emprestar dinheiro, financiar plantações, aquisição de gado, o que for necessário.
Chico animou-se e preparou o bote. Só que nesse momento chegou sua ficha e o gerente começou a examiná-la por baixo do birô enquanto Chico falava. As anotações eram todas em vermelho, avaliação super negativa. Para simplificar, o gerente disse a Chico:
– Sr. Francisco, quanto é que o senhor quer emprestado?
– Quanto é que o banco tem?
– Não, seu Francisco, não é assim, e mais ainda, devo avisar que o prazo do empréstimo é muito pequeno.
– Dá tempo de descer as escadas da agencia? Se der é comigo mesmo.
8 Comentários
Todo domingo leio essas estórias na esperança de achar alguma engraçada. Tem jeito não!
Standislau, escreva uma história engraçada!
Era uma vez um corno chamado Zé. Toda vez que ele saia de casa, Standislau pegava sua Muié!
Kkkkk homi, perca tempo comigo não. Vá ker as estatísticas do governo , principalmente o número de leitos que ele criou contra o vírus . Ali sim é piada.
Eu acho o seguinte: quem não gosta não deve ler e muito menos criticar. Marcos é uma pessoa boa e abrilhanta esse blog apenas uma vez por semana. Não fala mal de ninguém, apenas escreve.
Concordo. Mas é só uma pessoa. Certamente com raiva de Marcos. Mas só tem raiva de Marcos quem é invejoso.
Só tenho inveja do Kid Bengala!
E por acaso eu disse que ele era má pessoa.