Este ano perdi amigos, senti dores, saudades e desgostos. Um deles foi o fechamento do Restaurante da Cabrita, de Seu Clóvis. Quem me lê sabe do que estou falando. O Cabrita era um restaurante de beira de estrada, localizado entre Serra Branca e Sumé, no cariri, administrado por um velhinho simpático, conversador, contador de vantagem, bem humorado, mentiroso no bom sentido, que servia aos viajantes pratos regionais como feijão verde com bode guisado, feijão verde com bode assado na brasa e feijão verde com galinha de capoeira.
O melhor tempero dos pratos, no entanto, era a presença de seu Clóvis contando seus causos, suas aventuras, suas desventuras, seus sonhos e suas saborosas mentiras.
Era meu pasto, minha parada obrigatória, meu regalo.
Esta semana, o colega procurador Lúcio Landim foi levado pelo fiel Luiz Antonio a experimentar os quitutes de Seu Clóvis. A porteira estava fechada, as portas do estabelecimento idem, somente um passarinho cancão cantava na copa da mangueira frondosa que no passado nos apascentava do calor ardente do cariri.
4 Comentários
Esse tipo de lugar me agrada muito, Tião. Logo eu que só vou em restaurante chic puxado por corda, que gosto tanto da boa conversa quanto da comida bem feita, perdi a chance de conhecer seu Clóvis e o Cabrita.
Quando eu ia a Monteiro a passeio, com a família, frequentei algumas vezes esse “cantinho”. Numa delas, quando Seu Clóvis chegou à mesa para nos atender, pedi uma cerveja e lhe perguntei se sairia um “belisco” antes do almoço. E ele: Homi, fale baixo que minha mulher é braba e o nome dela é Belisco! Kkk…
E o que se deu com ‘Seu” Clóvis, morreu ou só fechou a cancela do restaurante para balanço?
Só fechou