Tarcísio Neves
Primeiro, conheci o pai, Aderbal Cavalcante, à epoca, diretor do Auto Esporte, quando eu era aquele jovem cabeludo, repórter da Rádio Correio da Paraíba.
Pense num cara bacana. Morreu da mesma maneira que o filho: de um ataque cardíaco fulminante. Depois conheci o filho – Lelo Cavalcante.
Pense noutro cara bacana. Acho até que mais bacana ainda. Trabalhamos juntos na Secom. Nunca vi o Lelo de cara feia, cara amarrada, apesar daquele jeito sisudo.
O sorriso do cara era aquele bombardeio de felicidade que espantava qualquer tristeza, sem que fosse preciso dizer qualquer palavra.
Sabe aquele cara que você gostaria de tê-lo como irmão? Tai… Era o Lelo!
Foi se juntar com Pedro Moreira e Abmael Morais, Ivan Bezerra, Fernando Heleno, Marciano Soares, Geraldo Cavalcanti, Biu Ramos entre outros.
Ah… Quantas madrugadas de saudades pelos puteiros da vida. Nunca houve coisa melhor do que o deleite nos seios fartos de uma quenga de coxas quentes numa madrugada fria…
Mas o tempo passa, o corpo envelhece, o rosto murcha, os joelhos, os pés e pau também não são mais os mesmos. Sabe aquela história de mesa de bar dizendo que “dos vinte aos trinta eu dava quatro, cinco sem tirar de dentro?”
Hoje os sessentões são os especialistas na arte da propaganda enganosa. Estão mais para uma tentativa e quatro desistências, na busca de conseguir uma encaixada de respeito…
O tempo passa, o coração também enfraquece, e muitos não suportam os repuxos da vida. Tristeza, decepções, frustrações, solidão, depressão, isolamento e outras desilusões.
Como diria o poeta, cada um vive a sua lenda pessoal e administra sua vida de acordo com o manejo de sua caixa cerebral.
E nos perguntamos qual é o sentido da vida. E faço questão de revisitar Sêneca, Epicuro, Sócrates, Platão e Aristotélis, quase três milênios antes de Cristo.
E venho desaguar bem aqui, em Nietzsche, de sabedoria avassaladora, morto em 1900, por um ataque cardíaco fulminante, aos 44 anos de idade.
Porque a vida terá algum sentido se não for apenas pelo amor?
Porque se não o for terá sido apenas correr atrás do vento, conforme dissera Salomão in Eclesiastes.
Mas como diria o companheiro de plantão, a luta continua!
Que Deus o receba de braços abertos, meu velho amigo Lelo. E prometo que vou guardar para sempre aquele sorriso que dizia tantas coisas sem precisar de uma palavra sequer.
Um sorriso que muito me ensinou a viver, em meio às minhas reflexões do dia a dia.
Vida que segue do lado de cá!
2 Comentários
Grande Tarcísio Lelo era uma irmão amigo que sempre nutriu grande companheiros e irmandade com seus pares e amigos. da nossa geração e nunca foi de fugir de um debate seja ele qual fosse. Ele era amigo , leal e correto. Que Deus o receba em um excelente lugar. Grande Tarcísio aquele abraço e que Deus lhe proteja .
Belo texto. Falou com a alma e com o coração!