E assim se passaram 25 anos

E assim se passaram 25 anos.

Era um sábado como outro qualquer. Estávamos no quintal de Dona Emília, no Conjunto Ernesto Geisel, comendo bode e bebendo cerveja.

No tempo de Dona Emília, a casinha do Geisel era uma eterna festa.

Os meninos, todos morando na mesma cidade, se juntavam para provar os seus quitutes e ouvir suas canções de antigamente, que eram acompanhadas pelo cavaquinho do mais velho, o Zezão que também virou saudade.

Já estávamos no meio da tarde quando o telefone tocou.

Do outro lado da linha, uma emocionada Dona Cacilda dava a notícia:

-Miriam de Zezé acaba de avisar que chegou um presente pra nós na porta da casa dela.

Era uma criança.

Nós já tínhamos Niâni e Felipe. Dona Cacilda se dera por satisfeita, eu também, de modo que aquele presente, embora recebido com festa, não era esperado.

A farra foi suspensa. Metade das mulheres da casa juntou-se a nova mamãe e todos foram receber o novo membro da família.

Que chegou raquítico, só couro e osso, uma carinha de desengano, o cocoruto com  mais caspa do que cabelo.

Mas eu o achei lindo.

Eu e os demais.

De logo transformou-se no xodó da família.

E a medida em que crescia e espalhava sua alegria de viver, contagiava a todos.

Nos tornamos mais que pai e filho, fomos parceiros a partir de então.

Até por conta das coincidências.

Embora nascido de outros pais, veio ao mundo no mesmo dia que eu.

Ambos nascemos no dia 19 de dezembro.

Eu em 1951, ele em 1993.

Daí porque recebeu o nome de Sebastião Lucena. Sebastião Lucena Júnior.

Meu Júnior, o Júnior da família, ou JU como gosta de ser chamado.

Seja Júnior, seja JU, seja ambos ou um terceiro nome, o importante é que o amor se sobrepõe a convenções, conveniências ou circunstâncias.

E nós  lhe amamos incondicionalmente.

Que neste dia, que vamos comemorar juntos até o sol se por, Deus lhe abençoe e me permita viver muitas oportunidades iguais a esta.

Do seu pai.