Ah, saudade daquelas prévias domésticas, em início de carreira, das Muriçocas em estágio embrionário, das cantigas de carnaval de porta em porta, do carrinho velho com uma difusora anunciando o frevo, dos outrora de antigamente.
Era bom, era muito bom, muito ótimo demais.
Muito antes, bem antes, muito antes dessa industrialização carnavalesca, havia a festa de rua, o desfile na praça, o corso, o cheiro da lança perfume. E os bailes do Astrea, do Cabo Branco, da Assex, do Internacional de Cruz das Armas, da Associação de Toinho em Jaguaribe, um mundo de animação sem despesas e sem cobranças.
Apareceu a Margarida, ou melhor, o carnaval antes do carnaval.
Começou com as Muriçocas de bicos afiados, asas zoadentas e sede de sangue, a animarem o carnaval de Miramar.
Fez sucesso, foi copiada. E João Pessoa foi transformada num corredor da folia de carnaval fora de época. Industrializou-se o carnaval, criaram os cordões de isolamento, camisas foram transformadas em ingressos, perdeu a graça.
E eu fico a buscar o meu carnaval de antigamente.
Alguém sabe informar onde ele está?
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