opinião

É golpe

22 de setembro de 2024

 

Marcos Pires

Imaginem, queridos leitores, que vocês receberam sementes de uma arvore raríssima, cujos frutos são dinheiro vivo. Vocês contratam um jardineiro para plantar essa arvore e cuidar do seu desenvolvimento. Em troca esse jardineiro ficará com 10% dos frutos que nascerem. A partir daí a natureza segue seu ciclo normal. Um belo dia, entretanto, um sabido que nem jardineiro é, passa embaixo da arvore e constata que os frutos estão quase maduros. Vai até vocês e diz que se ele receber 30% ou até 50% dos frutos que nascerão, dará um jeito de apressar o processo natural. Claro que é golpe, mas muita gente vai concordar porque realmente precisa dos frutos, está cansada de esperar e antes de morrer queria aproveitar a safra.

Está acontecendo o mesmo com relação ao recebimento de precatórios.

Esse tipo de divida cruel que o poder público tem com servidores arrasta-se por muitos anos, como se fosse uma arvore que cresce e enfim um dia será pago. Tal como na natureza, cada precatório tem seu tempo de maturação porque segue-se uma ordem cronológica e ninguém, absolutamente ninguém, pode interferir nesse procedimento.

Existem duas exceções; quando o devedor procura os credores para negociar os precatórios desde que haja um desconto de 40% sobre o valor devido. Se o credito é de um milhão, serão pagos seiscentos mil. Porém esse tipo de negociação não é feito com precatórios federais. Já o Estado da Paraíba tem periodicamente agido assim com seus precatórios, porém limitados esses acordos ao valor disponibilizado, que nunca dá para quitar sequer 5% do que é devido. A outra exceção é uma negociação com instituições financeiras que “compram” os precatórios mediante um forte deságio, o que é muito bom (como sempre) para os banqueiros porque os precatórios tem de longe o melhor rendimento e garantia do mercado financeiro nacional.

Afora essas duas hipóteses, não existe saída a não ser esperar a vez na ordem cronológica. É do jogo. O que ocorre, entretanto, é que algumas pessoas oferecem aos credores dos precatórios um serviço absolutamente inexistente de “apressar o pagamento” em troca de altíssimos percentuais. Como não existe a hipótese é obvio que eles não irão fazer absolutamente nada, apenas esperar que os frutos caiam no chão para os colherem.

O que me espanta é ver cada vez mais gente caindo nesse golpe.

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