opinião

E o castelo de areia começa a ruir. As verdades já não são tão secretas

1 de novembro de 2020

 

Por: Aldo Ribeiro – Economista e progressista

Dias atrás, num desses grupos de zap onde vence o debate quem grita mais alto, fui chamado de “cúmplice de bandido”. Por uma pessoa próxima, que sempre tratei e recebi muito bem em minha residência. Cortei relações. São esses os tempos que vivemos. Histeria de tempos do pós-verdade e guerra de narrativas. É óbvio que o bombardeio e a espetacularização da Operação Calvário, causou danos à imagem do ex-governador Ricardo Coutinho. O julgamento antecipado já foi feito pela grande imprensa. E os vazamentos dos áudios, que chegaram aos grandes veículos de comunicação, antes mesmo de chegar à defesa, foi uma espécie de “chave de ouro” da imprensa, nesse processo de fritura da reputação do ex-governador.

Aí vem uma reportagem da Carta Capital, de circulação nacional e reconhecidamente séria do ponto de vista jornalístico, e nos delicia com a integralidade dos diálogos de alguns áudios. Nada como um dia após o outro. Chocante. Não há nada demais nos diálogos divulgados pela revista. Conversas formais sobre pautas administrativas. Sempre me causou estranheza a divulgação aos quatro ventos, de que o órgão investigador tinha mais de 1000 horas de gravação de conversas entre Ricardo Coutinho e o tal empresário. Ok, tem. Mas em mais de 1000 horas e anos de gravações, tudo que se achou foi aquilo? Conversas desconexas que dado a quantidade de horas de gravação, podem ser reestruturadas? É uma pergunta. E as provas materiais que corroboram para veracidade dos diálogos, onde estão? Percebam, a intenção aqui não é minimizar ou dar descrédito a operação. Que se investigue, prove e que os envolvidos paguem pelos ilícitos, sempre respeitando o devido processo legal. É assim que funciona, meus caros. Olha no que se transformou esse país depois da Lava Jato, que num primeiro momento, me parecia benéfica para o país. Não foi. Olha o constrangimento pelo qual passa o jurista Agassiz de Almeida Filho. Ou reestabelecemos minimamente o Estado Democrático de Direito, livre das amarras ideológicas, ou levaremos o país à bancarrota. Estamos flertando com o autoritarismo. Caça às bruxas. Demonizar a política é um retrocesso enorme. É abrir passagem pra aventureiros e oportunistas.

O silêncio constrangedor dos grandes meios, ou a passada de pano vergonhosa dos “Walters Santos da vida”, integrantes do “PPG – Partido Puxadinho do Governo”, indica passividade argumentativa. Foi um duro golpe na narrativa criada por esses meios. A nota oficial do GAECO não desmente e nem desconstrói a perícia dos diálogos divulgados pela Carta Capital.

“Querem sangue, querem lama, querem à força o beijo na lona…e querem ao vivo.”

”Querem a lágrima doída, do ídolo caindo em câmera lenta”. (H. Gessinger)

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