Sem categoria

É o fraco! Ricardo Coutinho agora é colunista da Carta Capital

6 de junho de 2019

O ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) estreou sua coluna na Carta Capital. O primeiro artigo do socialista trata sobre educação e foi publicado nesta quinta-feira (6).

Confira texto na íntegra abaixo ou clicando aqui:

A centralidade da educação na oposição ao governo Bolsonaro

Em nome desse país pujante, justo, inclusivo, democrático, que se deve fazer da defesa da educação o principal eixo de oposição ao governo

Talvez as melhores métricas para avaliar um gestor público sejam sua capacidade de interpretar as reais necessidades da população a que serve – em escala nacional, estadual ou municipal – e o trabalho que se dispõe a realizar, no sentido de atendê-las integralmente, mesmo que isso signifique desenvolver projetos de prazo mais largo do que um único mandato.

Não é um acidente, portanto, que um bom gestor deva se inserir em um projeto político cuidadosamente construído, que contemple quadros técnicos de excelência e que tenha uma concepção de futuro clara, a ponto de colocar programas, projetos, ideias em perspectiva.

A interpretação do cenário político atual, visto a partir dessa concepção simples, mostra as razões pelas quais o Brasil se avizinha rapidamente de uma situação desastrosa, que precisa ser revertida o quanto antes.

O governo Bolsonaro, no que se refere a quadros, disse desde cedo a que veio. Escolheu precocemente um ultraliberal para o Ministério da Economia, engatando o país em mais uma aventura que associa a devoção ao mercado a uma agressiva desconstrução das políticas públicas – a Argentina de Macri mostra de forma exemplar, a que cenários se pode chegar com isso.

No outro extremo da composição da equipe do governo, a definição tardia e desastrada para o Ministério da Educação (MEC). Se pensarmos que as prioridades são refletidas pelo ordenamento e importância das ações, veremos sem grande dificuldade qual é o imaginário que move esse governo.

Devemos ir além, contudo. Considerar o primeiro dirigente do MEC apenas como inábil ou inepto é insuficiente. É preciso compreender sua gestão na perspectiva ampla do projeto do governo para a educação, que envolve nitidamente um vetor moral, quase religioso.

Dentro dessa lógica, a atuação do ministro Ricardo Vélez tinha por meta refundar a educação brasileira, orientando-a para uma direção na qual seu potencial crítico fosse praticamente aniquilado, em nome da subserviência a valores que, no mínimo, nada têm a ver com uma sociedade democrática – laicidade, reflexão crítica, liberdade de cátedra etc.

O ministro Abraham Weintraub não apenas preservou essa concepção geral, como a intensificou para mirar o ensino universitário, tentando silenciar as instituições de ensino e pesquisa; fragilizando suas condições operacionais, protegido sob a insinuação bizarra de que nas universidades e institutos federais se realizaria uma ampla “balbúrdia”, financiada pelo erário público.

Houve quem creditasse esse desatino ao anti-intelectualismo que professa o governo Bolsonaro, o que é correto, mas é necessário ir além. O que o faz governo com as recentes iniciativas do MEC é afirmar, pura e simplesmente, que o ensino universitário público não convém ao contribuinte, sendo caro demais para que a sociedade o suporte com recursos escassos “tomados” às empresas e famílias.

Até onde nos leva essa visão rançosa do ensino superior? Diretamente a um projeto de subalternidade nacional, a interesses que advogam um país sem a ambição de atingir uma condição de liderança no cenário mundial; a gente que não quer que o país melhore e, em o fazendo, ofereça oportunidades aos que têm na educação uma chance real de melhorar sua qualidade de vida.

Nesse contexto de descalabro, cabe pensar as iniciativas governistas de forma sistêmica, que explica porque a composição do governo tenha se iniciado com o Ministério da Economia e terminado pelo Ministério da Educação.

Essa “cobra que morde o próprio rabo”, compondo um círculo fechado entre início e fim, indica que o governo não tem qualquer apreço por um projeto de desenvolvimento que signifique soberania, autonomia, emancipação, inclusão social. Enfim, um projeto político que atenda às reais necessidades do grosso da população a que deve servir.

É preciso, portanto, fazer-lhe a devida frente, em benefício de outra qualidade de futuro. É exatamente por isso, porque se trata de futuro, que a luta em defesa de uma educação pública e de qualidade tem centralidade absoluta.

Damos voz com essa luta aos jovens, e a um país que só poderá ser construído com um genuíno sentimento de brasilidade. É em nome desse país pujante, justo, inclusivo, democrático, que se deve transformar a defesa da educação pública no principal eixo de oposição ao governo Bolsonaro: é justamente esse o fio que desfaz todo o novelo do desatino que afronta o Brasil.

Você pode gostar também

12 Comentários

  • Reply Angela 6 de junho de 2019 at 15:49

    A revista do Mino Carta é, de longe, a melhor revista semanal.

  • Reply Josenildo 6 de junho de 2019 at 18:55

    Para desgosto das oligarquias da Paraíba Ricardo hoje tem projeção nacional.

  • Reply frederic 6 de junho de 2019 at 19:38

    Ricardo é um promissor para projeto nacional. Faz parte de um seleto grupo de politicos sérios no país

  • Reply Jucelina 6 de junho de 2019 at 20:28

    Parabéns você sempre será o cara.

  • Reply José Baracho Barbosa 6 de junho de 2019 at 22:26

    SAIU AGORA!
    A CIVILIDADE E A DEMOCRACIA RESILIENTE COLOCANDO AS COISAS EM MARCHA E EM SEUS DEVIDOS LUGARES.

  • Reply luciano vieira da silva 7 de junho de 2019 at 01:31

    A minoria da oposição morre de inveja saber que aquele tempo de mamar nas tetas do estado acabou eles se mordem e vendo Ricardo cada vez mais se projetando nacionalmente.E por isso que digo deixem o mago trabalhar!!!

  • Reply Maria Tereza Dornelas Ferreira 7 de junho de 2019 at 01:49

    Excelente reflexão da perspectiva de Nação que queremos construir. Esse governo Bolsonaro criado exclusivamente para desconstruir nossa democracia e liberdade de expressão.

  • Reply Maria Luisa Barreto 7 de junho de 2019 at 07:09

    A democracia que estivemos deve continuar em todos os âmbitos de nossas vidas!!!! Essa conquista foi uma construção de tantos anos e lutas por melhor cidadania para todos.
    A inconsequência de alguns nos levou a essa situaçao desnecessária e totalmente desconectada do trabalho que desenvolvemos durante todos esses anos!!! As políticas públicas são a base de um governo voltado para o social e para todos!!! Continuemos nossa luta e União de todos por tudo aquilo que acreditamos!!! Força Brasil a Vitória da Democracia e Direito Humanos já!!!! Esse governo presente não funciona, portanto fora Bolsonaro e todos que compõe essa incompetência total de gerir nosso país com dignidade!!!

  • Reply Sabrina 7 de junho de 2019 at 09:07

    Secretaria de Educação da Prefeitura de João Pessoa trata muito mal seus funcionários. A Secretária Edilma Ferreira juntamente com a Diretoria de Gestão Curricular, humilha profissionais graduados prestadores, para fazerem serviços de faxina nas escolas. Arquiva documentos para o não pagamento de retroativo de salários por desvios de função. Precisamos de Ricardo na gestão de João Pessoa em 2021.

  • Reply José de Andrade Rocha 7 de junho de 2019 at 14:19

    Digo:jorrar dinheiro..

  • Reply Antoni Souto Coutinho 7 de junho de 2019 at 15:10

    Gostei da perfeita análise feita por Ricardo. A Carta e seus leitores estão de parabéns por tê-lo como colunista.

  • Reply Marta Lucia 13 de junho de 2019 at 10:12

    Me sinto bem representada por nosso ex governador!!! Teria sido um Ministro exemplar do Governo de Haddad não fosse o golpe sofrido pelo Brasil, mas haveremos de ter um Prefeito em João Pessoa pra valer.

  • Deixar uma resposta

    Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.