Nessas viagens ao sertão tenho sentido falta dos burros, jumentos e cavalos transportando pessoas. Nem vaqueiros montados vi mais. Todos aderiram ao novo transporte: motocicletas. Tangem bois montados em motos, viajam de sítio a sítio montados em motos, é moto pra lá e moto pra cá. Os bichos de montaria, tão apreciados num passado distante, hoje estão descartados.
Os jumentos pastam nas beiras das estradas. Muito morrem e matam em acidentes. Os que não fazem isso, são levados em romaria para frigoríficos especializados em charque de jegue. E os cavalos e burros, por serem mais caros, enfeitam os campos desnudos de verde nesses tempos de estiagem.
O matuto está motorizado literalmente. E não usa capacete. A infração de trânsito lá não é crime. Ao contrário, serve para identificar o piloto. Quem aparece com a cabeça escondida no capacete é logo apontado como possível matador de gente. E a Polícia corre em cima.
Dá gosto ver a matutada pilotando a moto e fazendo selfs com o celular. Está distante o tempo do radinho de pilha, da Voz do Brasil, das novelas radiofônicas e das cartas de amor.
Agora é tudo na base da tecnologia, da moto, do celular, da antena parabólica levando imagem digital para o casebre distante e das novelas que ensinam putaria às mocinhas que até bem pouco guardavam sua virtude para desnudá-la na noite de núpcias e agora a dilaceram nas curvas da estrada.
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