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E por falar em saudade

3 de maio de 2020

Eu sempre tive muito medo de sentir saudade. É que a saudade sempre vem acompanhada da dor de ter perdido e quem perde sente uma dor tão sentida que não faz bem a quem sente.

Minha primeira saudade atende pelo nome do meu pai.

Figura sempre presente na minha vida, de repente ausentou-se, partiu, nunca mais voltou.

Achando pouco, tempos depois surgiu a segunda saudade, a da minha mãe.

Que era, igualmente, figura presente na minha vida e que de repente ausentou-se, partiu, não voltou nunca mais.

Sucederam-se ausências e saudades. E à cada saudade sempre existiu um sentimento novo de medo.

Hoje eu não sinto saudade de quem morreu. Sinto saudade de quem não pode estar por perto.

Um vírus apareceu nas nossas vidas para ditar normas, regras e distâncias.

Estou sem poder beijar meus filhos, botar meus netos no colo, visitar os amigos, visitar meu bar preferido, enfim, viver a vida que sempre vivi.

Fujo de tudo em nome da vida.

Abro mão da vida para não morrer.

E não posso evitar que no  meio de tudo apareça a saudade para fazer doer meu coração.

Será que verei a luz no fim do túnel?

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3 Comentários

  • Reply Sebastião Gerbase 3 de maio de 2020 at 06:25

    Tudo verdade, Tião amigo, mas, a vida tem que ser aceita como ela é; ela não precisa do nosso consentimento para ser assim. A única saída para doer menos é se conformar. Não tem outra Receita.

  • Reply Angela 3 de maio de 2020 at 08:22

    Olhe ao seu redor, e escute os sons do seu dia-a-dia por que eles também lhe dizem que a vida continua.
    Eu estava acostumada a acordar todas as manhãs com o canto estridente de um bando de periquitos pousados em uma das árvores defronte a minha casa. Eles, sem aviso prévio, desapareceram, e me deixaram sem o meu despertador favorito.
    Ontem, ouvi os seus cantos na mata perto da minha casa, e me dei conta que eles mudaram não só de local de pouso, mas também de horário para começarem a treinar seu canto inconfundível.
    O que fez com que os meus amados periquitos mudassem tanto? Eu não sei. Talvez um biólogo consiga explicar.
    Mas eles me deram uma baita lição: A vida continua, com um novo formato!
    E nós teremos que aceitar e nos adaptarmos.
    Obrigada meus amados periquitos!
    Como eu invejo a sua liberdade de voar, e de escolher onde irão cantar.

  • Reply Penha 3 de maio de 2020 at 09:23

    Bastião, você verá a luz no final do túnel, sim senhor, porquanto está sendo disciplinado, obediente e respeitando o estado de quarentena. Está azendo o dever de casa, juntamente com sua estimada esposa, num lugar isolado e bem guardado. Está se comportando como qualquer pessoa esclarecida deve se comportar. Portanto, vamos ter paciência e ligo essa fase passará, em nome de Jesús. Vocês estão em Bananeiras e nós aqui pertinho, num sítio, município de Borborema.

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