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E tome calor!

9 de janeiro de 2024

Foto Google

Quem quiser que goste, eu não gosto de calor. É ruim, quente, deixa o corpo pegajoso, além de causar falta de ar e assar as partes mais sensíveis.

E o calor nesse começo de ano está de assar beiradas.

O mais incrível é ver a onda de quentura atingir lugares tradicionalmente  gelados.

Em Bananeiras, por exemplo, até bem pouco tempo os visitantes recebiam colchas de lã nos restaurantes chiques da cidadepara se abrigarem do frio. Só em Dona Beta esse luxo era trocado por lapadas generosas de Rainha.

Foi lá onde meu amigo Maguila perdeu o caminho de casa ao botar pra dentro uma garrafa da marvada. Mas conseguiu um fogo interior que durou três dias.

As pessoas mais entendidas dizem que o frio no brejo foi substituído pelo calor por causa da devastação.

Estão derrubando tudo. É condomínio em cima de condomínio em Bananeiras. A cidade em si continua a mesma, mas o derredor deixou de ter verde para ganhar muros e casas suntuosas.

A natureza cobrou o seu preço. E ainda deu de quebra uma peste de muriçocas.

Mas não é só lá. O calor se alastra pela Paraíba inteira. Em Patos estão assando ovo no asfalto, em Sousa um sujeito peidou e o pó da bufa deixou o fundo da calça cinzento. Até lembrei do sulfato de peido descoberto por Pedro Lins e explicado por ele enquanto a gente degustava um peba com feijão verde no quintal da bela vivenda do Bairro dos Estados: “É aquele pozinho que fica entre o cu e a cueca”.

Meu amigo Edson Vidigal Filho está dormindo no osso em Teresina. E nem adianta ligar o ar condicionado porque o bafo sai quente.

A quentura flagrou duas donzelas se queixando:

– Mulher, o calor tá tão grande que estou toda assada”. E mostrava à amiga a assadura bem em cima da diversão.

Tião Badé, que dormitava no pé da calçada, viu a cena e filosofou:

– Se isso cru já é bom, imagine assado”.

E os homens da administração estão torcendo para o calor continuar. Com ele, a água se acaba e o estado de emergência os acoberta na árdua tarefa de comprar sem licitação e receber verba da viúva nacional para gastar  “com o povo lá de casa”.

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