opinião

“EIS AÍ A SUA MÃE”!

12 de maio de 2024

Por GILBERTO CARNEIRO
PROVÁVEL que conheça esta passagem: Eis aí a sua mãe! É a fundamentação bíblica para a nossa devoção à Maria, mãe de Jesus. O mês de maio, para os católicos, é dedicado à Mãe de Jesus, e consequentemente, todas as mães, católicos ou não.
Segundo os ensinamentos que aprendi com um amigo, Diácono Marcos Gayoso, a explicação para essa devoção especial à Maria neste mês é atribuída a duas antigas tradições: à grega que dedicava o mês de maio  à Artemis, deusa da Fecundidade e à romana, que homenageava a deusa da Vegetação, Flora. Maio é o fim do inverno europeu, e início da primavera e por esta razão, a referência à fecundidade e às flores.
No contexto do Evangelho, os evangelistas Mateus e Lucas citam Maria, mãe de Jesus, em várias passagens da vida de Cristo. Marcos faz poucas referências. E João a coloca aos pés da Cruz. Maria era uma mulher de seu tempo para alguns, muito além do seu tempo para outros. Sofria as dores do seu povo e convivia com as mesmas opressões que as demais mulheres, porém era uma mulher de fé, muita fé; apenas não imaginava que Ela seria a Escolhida para receber o arcanjo São Gabriel e extasiada, perguntar: –  “como acontecerá?” A resposta:  – “Faça-se em mim segundo a tua palavra”.
Uma das características da Imaculada Maria era ouvir a palavra de Deus e colocá-la em prática. Foi assim que agiu ao saber que Isabel, sua prima, estava grávida. Maria torna-se para nós modelo de escuta, de serviço e disponibilidade. É protótipo de fé, pois mesmo desconhecendo como as coisas aconteceriam, abriu seu coração à ação de Deus, através do Espírito do Altíssimo. Por isso, o “fiat”, faça-se. É símbolo da fertilidade e da fé. Da geração da vida nova em Cristo.
Todos temos ou tivemos nossa “Maria” terrena. A minha a chamo carinhosamente de “”Rainha Anatalia”.  Está bem velhinha, fará 90 anos, quase um século de vida. Sua mente não é mais a mesma, no entanto, seu corpo ainda responde aos chamados para ir à missa, passear no shopping e visitar as amigas e os filhos.
Cada ser age de uma forma. Conheço filhos que no Dia das Mães sobrecarregam as mães com presentes belos e caros, mas que são incapazes de, ao longo do ano, levá-las ao shopping, ao parque ou à missa porque enxergam no idoso um incômodo. A tragédia que acontece no Rio Grande do Sul tem mobilizado cidadãos do mundo pela solidariedade às vítimas das enchentes, mas por outro lado tem revelado o lado perverso do ser humano. Fora os inúmeros golpes e fake news para tirar proveito econômico e político da situação, relatos da Defesa Civil apresentam uma realidade cruel, é que muitos filhos tem se recusado receber os pais idosos que perderam suas casas, os obrigando a permanecerem em abrigos improvisados.
Esta semana fui com minha “Rainha” comprar seu presente de Dia das Mães acompanhado de outros irmãos. Embora tenha dificuldades com a memória remota ainda é possível perceber o seu grau de satisfação quando se encontra na companhia dos filhos. Quando pergunto qual presente gostaria de ganhar, responde com aquela vozinha suave: – “estar passeando na companhia dos meus filhos é o meu presente”, diz com um pequeno filete de lágrima escorrendo sobre a face.

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