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Elogios?

30 de junho de 2019

Marcos Pires

Agnaldo Almeida, um dos melhores amigos que alguém pode ter, muito além do excepcional jornalista que sempre foi, começou a desatar o nó da questão quando caminhávamos pela praia do Cabo Branco. “- Pires, entre as formas mais estranhas de elogio está o termo arrombado”. É verdade, muitas vezes já ouvi pessoas referindo-se a alguém que tem muita sorte dessa maneira: “- Hômi, aquilo é um arrombado!”.

Outra maneira estranha de elogiar é dizer que alguém é “altamente”. De início eu não entendia o uso solteiro do tal altamente. Depois compreendi que significa mais ou menos que uma coisa ou uma pessoa é boa, bacana. Mas é meio capenga. Altamente bom ou altamente ruim poderiam ser usados mais eficientemente, porém fico do lado do povo como sempre fiz. Vocês, meus leitores, por exemplo, são altamente.

Há uma palavra muito usada de forma errada por políticos interioranos. É inoxidável. Já houve confusão por conta desse qualificativo. Dizem que numa reunião da Câmara Municipal de um município da grande João Pessoa, um Vereador teria dito que o colega era inoxidável. No aparte, o outro devolveu: “-Se isso aí é elogiativo muito que bem, mas se é pra me lascar pode enfiar em suas reentrâncias”. Suavizei o termo final, por obvio, mas aquela sessão terminou aos tapas.

Elogio deveria ser coisa séria, mas me digam mesmo, queridos leitores, o que pode ser mais falso do que o elogio da vendedora de boutique quando a cliente está experimentando uma roupa?

Também existem os elogios não falados. Minha amiga Paula sempre disse que deve ser infeliz a mulher que durante sua vida não recebeu pelo menos um “fiu fiu” dos pedreiros de qualquer construção.

E não poderia deixar de me referir aos elogios canalhas dos conquistadores baratos quando pretendem um romance. Coisas ridículas como: “- Gata, você é tão desejada quanto uma sexta feira”. Ou, pior ainda: “- O que esse bombonzinho está fazendo fora da caixa?”. É ruim, hem?

De minha parte, na semana passada meu enorme amigo Z. ligou de sua festa junina na cidade do interior, à qual eu havia prometido ir e obviamente faltei. Com voz engorolada e usando termos dos votos dos Ministros do STF, ao final sentenciou: “-Dr. Pires, esta festa sem você é o mesmo que um curral sem bosta”.

Sinceramente, leitores, isso é um elogio?

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