Em áudio de 2018, Ricardo Coutinho antecipou que seria perseguido “onde quer que estivesse”

Em outro áudio divulgado hoje, cujo interesse serve apenas para produzir ilações porque nada de relevante sobre o objeto de investigação da Operacão Calvário se escuta ali, a não ser que Daniel Gomes da Silva tentou convencer Ricardo Coutinho a ser candidato ao Senado, ao invés de se manter no cargo para ajudar a eleger seu sucessor, o então secretário, que provavelmente se tornou depois informante do Gaeco, João Azevedo.

Daniel Gomes chega a dizer que, caso Ricardo fosse candidato em 2018, além de se  eleger, elegeria o candidato à segunda vaga para o senado, e seria ainda um forte cabo eleitoral de João Azevedo.

Ricardo Coutinho discorda. O ex-governador diz que, entre outras coisas, não gosta de Brasília e que a intenção de permanecer no governo é mais segura para o projeto político

Daniel então diz: “O senhor vai ter de se proteger”.

Ricardo contesta: “Proteger de quê? Se um FDP desses quiser me lascar, sem eu ter culpa, vai me lascar, vai me lascar onde quer eu eu esteja.”

Depois demonstra que seu compromisso é com a eleição de João Azevedo. RC avaliava que, caso resolvesse sair do governo e acontecesse o que chamou de “cangapé  na gestão“, ele escaparia, elegendo-se Senador João Azevedo, não.

Ou seja, se o áudio divulgado hoje mostra algo de relevante é a fidelidade de Ricardo Coutinho à continuidade do projeto político-administrativo e à candidatura de João Azevedo, e que ele sabia que a perseguição a ele seria inevitável quando saísse do governo.  

Enfim, Ricardo Coutinho plena consciência do seu lugar político, e que seria perseguido implacavelmente com ou sem mandato.

Ele só não sabia que o homem para quem ele sacrificou um mandato de oito anos no Senado para viabilizar sua eleição para o governo seria aquele que, como uma Salomé, entregaria aos seus algozes sua cabeça numa bandeja de prata.