Por GILBERTO CARNEIRO
ADVENHO de uma família católica. Minha mãe, D. Anatalia, é uma devota fervorosa, que em seus 90 anos de vida, se fosse por opção, iria a santa missa todos os dias.
Tenho minha própria forma de buscar meu conforto espiritual. Quando estou angustiado me permito o isolamento para estabelecer a minha conexão com Deus ouvindo a música “PRECE” de Gilberto Gil: “Mas a chama, que a vida em nós criou, se ainda há vida ainda não é finda. O frio morto em cinzas a ocultou. A mão do vento a assoprou”.
É Jonas, do grande peixe bíblico, sabe? Resgatado das águas turbulentas é arremessado à terra para cumprir uma missão. É a sarça que não se apaga, é o renascimento da esperanca. Por isso é bom rezar, rezar, que saudade estava de rezar. Michel Teló, embora não seja minha praia musical, expressou bem este sentimento no seu belíssimo trabalho: “Pra ouvir no fone”.
Assim, embora tenha o meu rito de orações, frequento a santa missa aos domingos, não por obrigação, mas porque acho bacana a liturgia. O momento da EUCARISTIA não é uma simbologia, é realmente um momento substancial em que Deus está presente de fato, Cristo completo, Deus e Homem. Logo, o envolvimento como oficiante nos trabalhos da paróquia em que participo, com minha admirável esposa, me faz sentir o espírito santo soprando ao meu ouvido dizendo que nossa dedicação agrada a Deus. É o que importa para nós.
Mas há algo que me preocupa, e esta inquietação não é específica com a religião católica. Tenho presenciado, e isso agravou-se nos últimos anos, pessoas frequentadoras assíduas de igrejas e templos, que falam em nome de Deus, mas que fundamentam suas preleções em discursos revestidos de preconceito e ódio por determinados segmentos estigmatizados da nossa sociedade, na linha oposta à pregação de Jesus Cristo.
E não apenas isso, não faltam relatos de obreiros que usam da voluntariedade dos serviços prestados à fé para promoção pessoal e proveito das relações sociais estabelecidas. Eu próprio fui vítima dessa estratagema. Quando estava no governo um pastor evangélico aproximou-se de mim e aos poucos foi me seduzindo com o sofisma de ter recebido a missão divina de ser o meu guia espiritual. Sua verdadeira faceta logo se revelou quando conseguiu o que almejava.
Mas espera um pouco. Antes que me atirem pedras quero esclarecer que não estou condenando nenhum segmento religioso, apenas relato impressões que tenho presenciado no cotidiano e uma experiência desagradável com um destes falsos profetas que se diz falar em nome de Deus.
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