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Entre lágrimas e soluços

2 de janeiro de 2021

Ao redor daquela mesa onde maldades foram planejadas, traições tramadas e ingratidões cometidas, reinava o mais absoluto transtorno. As antigas risadas zombeteiras e espalhafatosas foram substituídas pelos ares consternados comuns aos insatisfeitos. Ninguém se atrevia a falar primeiro, cada um querendo entender os motivos daquilo tudo.

– Eu pensei que depois de carregar o fardo de vocês por tanto tempo, teria chegado o meu momento de brilhar -, começou a dizer Ronildo Bonácio coçando a careca brilhante de suor.

– Qual o que, perto de mim nada fizestes – interrompeu Cubinho de Babosa, cuja mágoa se revelava em dobro por ter ele e a Considerada sobrado nos anúncios advindos do Reino da Filipéia.

E enumerava: – Eu preparei bandeirinhas de papel celofane, preparei a tinta, pichei o nome do rei nas paredes, me fiz locutor de comícios, juntei gente para as passeatas e até faixas paguei do bolso, desinterando o dinheiro do jogo do bicho, para no final ficar chupando o dedo.

– Deixa de onda, que o dinheiro nem teu era -, atalhou Pé de Prancha, com um lamento final:

– Agora tem uma coisa, o peitinho está quase acabando.

Foi aí que Galo Pelado, até então mero observador dos lamentos, reagiu furioso:

– Vira essa boca pra lá que eu comprei meu Porsche em 60 prestações!

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1 Comentário

  • Reply Adenilson 2 de janeiro de 2021 at 18:58

    Sempre é assim, muita galinha pra pouco galinheiro. Principalmente quando não existe pessoas honestas e leais.

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