Por GILBERTO CARNEIRO
TENHO um amigo que é proprietário de um hotel na orla. É um empresário sério e mostrou-se indignado com as notícias que viajaram o mundo denunciando o despejo de esgotos direto no mar por estabelecimentos comerciais localizados na orla de João Pessoa.
E desabafou: – “João Pessoa não se preparou para o boom que está vivendo no turismo. É lamentável porque o resultado disso poderá ser o que aconteceu em Natal, que experimentou o apogeu no turismo na década passada, e por ausência de compromisso do poder público e da iniciativa privada com o desenvolvimento sustentável, o resultado foi um arrefecimento no roteiro turístico daquela cidade”.
E meu amigo tem razão. João Pessoa não aprendeu nada com o exemplo de Natal. É certo que nossa aprazível cidade ganhou destaque nas páginas do Valor Econômico como a “bola da vez” do Nordeste brasileiro. A publicação destacou o crescimento econômico, a infraestrutura e as belezas naturais da capital da Paraíba, que a têm posicionado como promissor polo de investimentos e um destino turístico cada vez mais procurado.
O crescimento econômico de João Pessoa tem sido notável nas duas últimas décadas. A construção da Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes; do Centro de Convenções e do teatro Pedra do Reino, um dos melhores em acústicas da América Latina, tem atraído eventos, shows e pecas teatrais de grande repercussão nacional. A mobilidade urbana melhorou muito depois das alças da beira rio, e das construções dos Viadutos do Geisel e de Mangabeira. A cidade tem atraído a instalação de novas empresas, gerando empregos e impulsionando a economia local. Setores como comércio, serviços e tecnologia têm se expandido significativamente, tornando João Pessoa um centro de oportunidades para empreendedores e profissionais em busca de desenvolvimento.
Além disso, as belezas naturais de João Pessoa são verdadeiros tesouros para a cidade. Com uma faixa litorânea pequena comparada com outros estados do Nordeste, suas praias paradisíacas possuem uma inigualável beleza que encantam os visitantes. A combinação de sol, mar e natureza exuberante tem atraído turistas de diferentes partes do Brasil e do mundo, impulsionando o setor turístico e fortalecendo a economia.
Mas é preciso urgentemente envolvimento dos poderes públicos para prevenir futuros problemas. Entre os impactos negativos causados pela atividade turística estão os danos ao meio ambiente; poluição do ar e da água; poluições sonora e visual; congestionamentos de veículos e de pedestres; lixo deixado pelos turistas; desequilibro ecológico e aumento do custo de vida local.
Umas das situações que chamou bastante atenção neste episódio dos hotéis que poluem as praias com seus esgotos jogados diretamente no mar foi a informação de que um dos hotéis irregulares é o Nord Easay, gerenciada pela empresa Rede Nord, que possui como um dos seus proprietários o secretário de Turismo da Prefeitura do Município de João Pessoa. Um péssimo exemplo.
Meu amigo relatou que um turista do sul havia reservado dois quartos em seu hotel por duas semanas para passar férias com toda a família. Poucos dias antes da data do chekin recebeu um email do hóspede solicitando o cancelamento da reserva com uma justificativa um tanto obtusa, porém realista: -“meu objetivo era tomar banho de mar, não tomar banho na merda”.
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