Os filhos de Tia Maria eram mais do que primos, eram irmãos. Tia Maria era uma espécie de mãe, além de tia e irmã do nosso pai.
Nos recebia com cara de festa quando a visitávamos em Afogados da Ingazeira, terra que adotou desde quando casou com Messias, o grande amor da sua vida.
E era nosso porto seguro.
Ainda lembro daquele par de camisas com listras vermelhas no sentido vertical que nos deu de presente, a mim e a Edmilson, para não passarmos o natal sem a roupa de festa.
Os primos então eram de uma intimidade tão grande que nem primos pareciam, eram irmãos.
Meu velho tinha xodó por Lulinha, o mais velho, e por Lu, sua afilhada.
Eu me aproximei mais de Nivaldo, o Cascão. Éramos da mesma idade. Ele um pouquinho mais velho. Mas só um pouquinho.
Craque de futebol, comunicativo, a alegria em pessoa, chegou a ser vereador da cidade.
Uma pessoa que vivia a sorrir, a alardear alegria, a desconhecer tristeza.
Só que hoje, pela madrugada, ele nos deixou tristes.
Morreu dormindo, do coração.
Seu coração enorme parou de madrugada para não incomodar os outros.
Ele era assim, servia a todos, mas não se servia de ninguém.
Se estou triste? Claro que estou.
Perdi um primo, um amigo, um irmão.
E descobri, mesmo a contragosto, que a minha senha está bem pertinho de ser chamada pelo caixa do céu.
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