A Procuradoria-Geral do Estado ingressou com um Agravo de Instrumento no Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) contra a liminar concedida pela juíza da 1ª Vara da Fazenda Pública da Capital, Flávia da Costa Lins Cavalcanti, que determinou que o Estado se abstenha de aplicar qualquer sanção aos autores da Ação de Obrigação de Fazer pela não aplicação das Leis nº 7.309/2003 e nº 10.895/2017, que defendem a cidadania e os direitos da população LGBT (lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais).
A decisão da magistrada desobriga cinco estabelecimentos de ensino privado a não usarem as placas afixadas em ambientes públicos e privados que orientam sobre a discriminação contra LGBT, o que causou uma mobilização de integrantes do movimento, que juntamente com a secretária da Mulher e Diversidade Humana do Estado, Gilberta Soares, da defensora pública do Estado, Maria dos Remédios Mendes, da deputada Estela Bezerra e do deputado estadual Anísio Maia – autores das respectivas leis -, se reuniram com procurador-geral do Estado, Gilberto Carneiro, para discutirem a defesa das leis, e saber quais os encaminhamentos que vem sendo dado com relação a esta liminar.
A reunião com o Procurador Gilberto Carneiro foi uma reivindicação das instituições que se organizaram para contestar a decisão da juíza Flávia da Costa Lins Cavalcanti, publicada no dia 26 de junho determinando que o Estado da Paraíba se abstenha de aplicar, sobre cinco estabelecimentos requerentes, as sanções relativas às referidas legislações.
Durante a reunião, o movimento LGBT fez um relato sobre diálogo que teve com parte dos estabelecimentos que protagonizaram o processo na justiça, especificamente as instituições que trabalham com educação, e da decisão de manterem afixado o cartaz nas escolas, assumido em nota pública. Mas, afirmou, no entanto, que aguarda o recuo na posição dos autores da ação no sentido de retirar o processo, reconhecendo a constitucionalidade da lei, sua relevância e importância para reduzir a discriminação e minimizar a violência contra LGBT, promovendo uma cultura de respeito e paz.
Também foi abordada a importância do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Publico Estadual (MPE), entre outros órgãos, reativarem a campanha de esclarecimento sobre as Leis, veiculada na televisão. Desta vez com o objetivo de reforçar que a lei 10.895/2017 está em plena vigência e todos os estabelecimentos devem continuar cumprindo-a em toda a sua extensão, com a fixação dos cartazes, que foram afixados em mais de 10 mil estabelecimentos em todo o Estado.
O procurador-geral do Estado, Gilberto Carneiro, apresentou aos integrantes do movimento o procurador Lúcio Landim, corregedor da PGE-PB, que está responsável pelo recurso que será apresentado contra a liminar. “Nós recepcionamos todas as informações prestadas pelos integrantes do movimento e pelos parlamentares que foram os autores das respectivas leis, consolidou todas as informações, e ajuizamos no Tribunal de Justiça o recurso agravo de instrumento, que visa suspender a decisão liminar em relação a esses seis estabelecimentos apenas que entraram com a ação”, informou.
Gilberto Carneiro lembrou que a iniciativa visa estabelecer minimamente uma proteção à diversidade sexual e garantir uma convivência saudável entre os diferentes. “Entendemos que a lei é constitucional, tem um caráter informativo e não vai ferir nenhum direito referente à iniciativa privada”, comentou.
Também estiveram presentes na reunião representantes das seguintes entidades: Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transsexuais (ABGLT), Aliança Nacional LGBT, Movimento do Espírito Lilás (MEL), Movimento de Pessoas Bissexuais (MOVBI), Grupo de Mulheres Lésbicas da Paraíba (Mª Quitéria), Associação de Travestis e Transexuais da Paraíba (Astrapa), Grupo Diversidade e os Mandatos da deputa estadual Estela Bezerra e do deputado estadual Anísio Maia.
4 Comentários
Não é placa que vai fazer com que qualquer classe seja respeitada. O respeito vem da educação e da reciprocidade.
E a placa atrapalha em que, Evandro?
Considerando que estamos no país que mais mata homossexuais no mundo, onde estaria a lacuna da reciprocidade? Quantas pessoas foram mortas por serem heterossexuais?
Falta do que fazer.
Carlos Cepa, a placa não atrapalha, como também não impede ninguém de ser agredido. Partindo desse princípio, deveríamos colocar em todo estabelecimento comercial, placas dizendo que é proibido discriminar idosos, pobres, crianças, negros, enfim, todas as classes que alguns classificam como inferiores. O que precisamos é respeitar as diferenças e para isso não precisamos de placas. Quanto a reciprocidade, todos sabemos que muitos que exigem respeito, muitas vezes não respeitam. Entendeu?