Marcos Pires
Adoro essa expressão. Principalmente quando quem a pronuncia põe antes as mãos “nos quartos”, começa com um “- Marminino” e em seguida acunha o “- Eu fico incrívi…”.
A Paraíba é terra fértil para esse tipo de reação. Aqui basta alguém chegar de fora com uma conversinha mole para emplacar o mais absurdo projeto. Quando faltam estrangeiros os Toinhos bitcoins locais suprem essa permanente necessidade de sermos iludidos com ideias tão estrambólicas que às vezes nem a minha reconhecida loucura é capaz de imaginar.
Um exemplo é o recente investimento de 9 trilhões de reais. Não custa lembrar que por algum tempo muita gente seguiu o fluxo. Eu mesmo presenciei alguns corretores de imóveis projetando lucros fantásticos para os especuladores que quisessem investir na região à espera do boom que a economia sofreria com a chegada do Godot oriental.
Noves fora o absurdo dos números, como por exemplo comparar o valor a ser investido com o PIB brasileiro ou mesmo a quantidade de habitantes que iriam residir no local (o dobro da população de Recife), algumas outras verdades passaram in albis nas ventas de muita gente que se reputa séria e competente.
Por que será que ninguém questionou a viabilidade da instalação do tal porto sem a reação dos poderosos? É possível acreditar que os “donos” de Suape e Pecem quedar-se-iam calminhos ante a invasão dos chineses nas barbas dos seus negócios? Pior ainda, para que… PARA QUE serviria o porto? O que seria importado? Mercadoria para ser comerciada no Terceirão? E exportado? O artesanato produzido pelos índios da baia da Traição? Minério? A tonelada da ilmenita está a cem dólares. Cadê a viabilidade econômica?
Enquanto isso os empresários paraibanos que uma única vez na vida tiveram insucessos próprios dos corajosos que ousam investir aqui comem da banda podre para voltar ao mercado. Nos EUA o cidadão vai à falência dez vezes e se provar que não houve má fé terá sempre uma nova oportunidade. Porém como eu desisti de todas as batalhas para dedicar-me somente a ser feliz, deixa pra lá.
Nem sei mesmo porque eu ainda fico INCRÍVI com essas coisas… .
1 Comentário
Você deixou de dizer o nome de quem pronunciava com frequência essa frase, vou dar uma pista: era um ex-governador, já falecido, o resto fica com o colunista.