Marcos Pires
“Conheci Marcos Pires em 1977 no festival de inverno de Areia quando eu fazia o papel de João Grilo no Auto da Compadecida, com direção de Fernando Teixeira. Naquela época os pais de Marcos encontravam-se no topo da pirâmide dos milionários brasileiros. Você conhecer o filho de milionários que amava as artes era um privilégio e aquilo me encantou. Logo me tornei amigo dele e veio o convite para ser o “diretor artístico” da sua boate Passargada, ainda em construção. Eu não sabia exatamente quais eram as atribuições de um diretor artístico, mas topei na hora.
Vim para João Pessoa e acompanhei muitos famosos contratados como presença VIP da Passargada, tais como Nelson Gonçalves, Marco Nanini e outros que nem lembro. Então descobri o que significava estar no cargo de “diretor artístico” da Passargada: significava beber, comer e me divertir incansavelmente. Na noite de inauguração vieram como convidados os atores globais José Augusto Branco, Jardel Filho e claro uma deusa chamada ROSE DI PRIMO.
Antes, foram todos recebidos para um jantar na mansão dos pais de Marcos, D. Creuza e Sr. Adrião Pires. Durante o jantar, como “diretor artístico” saquei o violão, sentei em uma cadeira perto da piscina e comecei a tocar músicas da bossa nova. Foi aí que sentou-se ao meu lado para cantar “Corcovado” ninguém menos que ROSE DI PRIMO. Cantamos algumas canções e depois rumamos para a Passargada.
A boate lotada, muita música, muita alegria…e muita gente dançando, exceto ROSE DI PRIMO. Foi aí que aconteceu o improvável; ela bateu no meu ombro e disse: “- Ninguém me chama pra dançar…quer dançar comigo?”. Meu coração com batimentos alterados disse: CLARO. Dançamos muito e lá pelas 3 da manhã ela me pediu pra deixa-la no hotel. Peguei a chave do Puma conversível de Marcos Pires e rumei em êxtase até o hotel Tambaú. Ela me agradeceu, desejou boa noite e subiu a rampa do hotel enquanto eu admirava “o maior espetáculo da terra” sumir rumo aos seus aposentos. Eu também tinha outra paixão; O Puma conversível de Marcos. Fui então dirigir pela cidade sem rumo e sem preocupação. Quando me dei conta o dia estava amanhecendo. Voltei para a Passargada. A festa já tinha acabado e alguns amigos estavam do lado de fora da boate. Quando parei o carro, Giovanni Feitosa (Joia) arregalou os olhos e perguntou: “- E aí, amigo?” Eu respondi: “-Comi!
Eles vibraram e me parabenizaram por ter conseguido o impossível. Fui dormir o sono justo dos amantes na “garçoniere” de Marcos, sabendo que essa façanha acontecera somente no meu imaginário. Me desculpe ROSE Dl PRIMO, foi mais forte do que eu.
Saint Clair Avelar”.(Trecho do livro “Nossa linda juventude”, a ser lançado proximamente.)
1 Comentário
Ele comeu mesmo! Sempre foi modesto! Parabéns pela bela narrativa, muito boa de se ler.