opinião

FALANDO SÓ

25 de julho de 2021
JORGE EDUARDO
Concentro às minhas compras nos estabelecimentos comerciais dos Bancários, bairro onde moro há mais de 30 anos. Na padaria, supermercado, farmácia e outros, os atendentes sempre me tratam por doutor Jorge. Alguns generosos amigos também.  Peço a eles que retirem o título e fiquem à vontade. Primeiro porquê não sou doutor, depois gosto de ser chamado de Jorge, Jorginho, “caba vei” ou Eduardo como dona Nininha, minha amada mãe a mim se referia. Além disso, guardo simplicidade em meu ser, o que me dar à exata noção do meu tamanho e dos limites.
De família numerosa e  modesta, já passei por muitas dificuldades, grande parte atenuada com a ajuda dos vizinhos que, naquele tempo, eram como se fossem da família. O restante a gente administrava conforme o querer de Deus como se dizia e ainda hoje se diz.  Vivíamos frequentando à casa dos outros, as mães trocando uma prosa, os filhos brincando no meio da rua, aqui e acolá havia uma contenda logo resolvida sem maiores traumas. O máximo era passar um dia sem se falar e depois estavam todos na maior algazarra, brincando juntos e comendo um lanchinho.
A Copa do Mundo de 1970, a vizinhança quase toda assistiu na casa de dona Guidinha, carinhosamente chamada de “nega veia”, mãe dos meus amigos Gel, Fatinha e Reinaldinho. Na hora de começar o jogo todos ficavam sentadinhos, embaixo da mesa, comendo suspiros e vibrando com o excelente futebol apresentado pela melhor seleção do mundo: a nossa “canarinho”. Depois do jogo ganho era uma festa de intensa alegria, todos entoando “noventa milhões em ação, pra frente Brasil, salve a seleção”.
Ainda sobre a amizade e solidariedade que reinavam entre os vizinhos, a mãe de um podia passar aconselhar o filho da outra, passar carão e até mandar pra casa. Ai dele se a respondesse. A pisa era grande quando chegasse em casa.
Imagino que o amigo e a amiga estejam pensando qual a relação do título com o texto. Explico: Nas minhas andanças a pé, costumo falar sozinho, lembrando das coisas do passado, analisando as atuais e me perguntando sobre o futuro. Paro por aqui, porque o hoje é tão incerto quanto o futuro.

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3 Comentários

  • Reply Tesse 25 de julho de 2021 at 11:20

    Esqueceu do “adorável muedor” rssss…parabéns por manter acesa a chama das suas raizes

  • Reply Maria de Fátima Farias Domingues 25 de julho de 2021 at 11:51

    Os laços de irmandade construída entre vizinhos , são verdadeiros laços de amizade e diamantes raros nos atuais momentos de incertezas e insegurança . A relação humana sincera é o maior bem que possuímos …

  • Reply Socorro Airam 26 de julho de 2021 at 18:22

    Recordação sábia! Uma memória cultivada há sempre boa história a ser contada.

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