JORGE EDUARDO
Concentro às minhas compras nos estabelecimentos comerciais dos Bancários, bairro onde moro há mais de 30 anos. Na padaria, supermercado, farmácia e outros, os atendentes sempre me tratam por doutor Jorge. Alguns generosos amigos também. Peço a eles que retirem o título e fiquem à vontade. Primeiro porquê não sou doutor, depois gosto de ser chamado de Jorge, Jorginho, “caba vei” ou Eduardo como dona Nininha, minha amada mãe a mim se referia. Além disso, guardo simplicidade em meu ser, o que me dar à exata noção do meu tamanho e dos limites.
De família numerosa e modesta, já passei por muitas dificuldades, grande parte atenuada com a ajuda dos vizinhos que, naquele tempo, eram como se fossem da família. O restante a gente administrava conforme o querer de Deus como se dizia e ainda hoje se diz. Vivíamos frequentando à casa dos outros, as mães trocando uma prosa, os filhos brincando no meio da rua, aqui e acolá havia uma contenda logo resolvida sem maiores traumas. O máximo era passar um dia sem se falar e depois estavam todos na maior algazarra, brincando juntos e comendo um lanchinho.
A Copa do Mundo de 1970, a vizinhança quase toda assistiu na casa de dona Guidinha, carinhosamente chamada de “nega veia”, mãe dos meus amigos Gel, Fatinha e Reinaldinho. Na hora de começar o jogo todos ficavam sentadinhos, embaixo da mesa, comendo suspiros e vibrando com o excelente futebol apresentado pela melhor seleção do mundo: a nossa “canarinho”. Depois do jogo ganho era uma festa de intensa alegria, todos entoando “noventa milhões em ação, pra frente Brasil, salve a seleção”.
Ainda sobre a amizade e solidariedade que reinavam entre os vizinhos, a mãe de um podia passar aconselhar o filho da outra, passar carão e até mandar pra casa. Ai dele se a respondesse. A pisa era grande quando chegasse em casa.
Imagino que o amigo e a amiga estejam pensando qual a relação do título com o texto. Explico: Nas minhas andanças a pé, costumo falar sozinho, lembrando das coisas do passado, analisando as atuais e me perguntando sobre o futuro. Paro por aqui, porque o hoje é tão incerto quanto o futuro.
3 Comentários
Esqueceu do “adorável muedor” rssss…parabéns por manter acesa a chama das suas raizes
Os laços de irmandade construída entre vizinhos , são verdadeiros laços de amizade e diamantes raros nos atuais momentos de incertezas e insegurança . A relação humana sincera é o maior bem que possuímos …
Recordação sábia! Uma memória cultivada há sempre boa história a ser contada.