Marcos Pires
Já contei aqui alguns casos ocorridos em festas que mereceram registro, inclusive daquela festa em que o anfitrião, muito preocupado com o excesso de gente, foi ao microfone da banda e pediu para os convidados do noivo concentrarem-se no lado direito do salão e que os convidados da noiva ficassem no lado esquerdo. Estranhamente sobraram umas poucas pessoas no meio do salão. Em seguida o dono da festa dirigiu-se aos grupos que estavam à direita e à esquerda do salão e comandou: “- Favor se retirarem porque esta não é uma festa de casamento, mas o batizado do meu neto, bando de safados”.
Em consequência da tal coluna tenho recebido muitos pedidos para continuar no tema. Pois bom, existem os fanáticos por determinadas festas. Carlos M., por exemplo, ama o São João de Campina Grande. Me contou que numa determinada noite em que uma multidão dançava, um sujeito teve um infarto e morreu, mas o salão estava tão cheio de dançarinos que a vítima só caiu no chão quando a banda parou de tocar. O mais incrível é que ele teve o infarto na hora em que Bell Marques cantava aquele “Ê ô ê ô”. O pobre coitado levantou os braços, morreu e nessa posição permaneceu durante duas horas, indo pra lá e pra cá, espremido na multidão, já morto. Finalmente a música cessou e ele desabou já em “rigor mortis”. Achei exagerado, mas Carlinhos me deu números que demonstram a grandiosidade daquela festa junina. “- Marcopire, pra você ter uma ideia, só de triangulo gastam meia dúzia por noite. Imagine que instalam sapateiros nos quatro cantos do salão de baile, e eles passam a noite trabalhando duro para trocar os solados dos sapatos dos dançarinos, gastos no arrasta pé do forró”.
E como esquecer as festas de aniversário de Zé Moreira, que reencontrei já homem feito, muitos anos depois de termos estudado no IPEP? “- Pires, a turma da gente pensava que eu era burro, mas eu não sou não. Tenho aqui minhas ideias. Ontem mesmo, na festa do meu aniversário, eu pensei assim; festejar aniversario faz um bem danado, porque quanto mais eu festejo meus aniversários mais eu vivo”. Eita!
Na verdade, a vida é tão difícil que comemoramos cada ano que vivemos. É mais ou menos como se vivêssemos numa selva cheia de predadores. Por isso, meus queridos leitores, se vocês acham que a vida de vocês não é uma festa, procurem na fé da sua crença forças suficientes para serem felizes, porque de qualquer maneira vocês vão “dançar” no final.
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