Marcos Pires
Dr. Valério Vasconcelos, competentíssimo cardiologista, afirma com conhecimento de causa que a segunda guerra mundial começou em consequência de uma fofoca que uma velhinha espalhou na cidade de Monteiro, interior da Paraíba. Dá inclusive detalhes que não cabem aqui porque o espaço é curto.
Fofocas sempre existiram; há quem afirme inclusive que elas antecederam a presença do ser humano na terra. Não é sem proposito que cientistas da Lies University estão pesquisando uma teoria revolucionária; o meteorito que mudou o clima do planeta só caiu na terra depois da extinção dos dinossauros e que isso ocorreu porque um grupo de brontossauros espalhou uma fofoca sobre o comportamento sexual dos velociraptors. A base da pesquisa partiu de um estudo efetuado com os macacos bonobos, que segundo os tais cientistas são descendentes diretos dos T. Rex. Não vou por aí, o que me motiva é descobrir o que move um fofoqueiro a gostar de contar os tais mexericos, ressaltando desde logo que jamais se deve confundir uma fofoca espalhada com uma mentira contada. A fofoca tem como base um fato verdadeiro que em principio não é elogioso ao personagem objeto daquele comentário. Em escrito anterior já me referi a fofocas históricas, como os terremotos de Londres ou o habito do rei Luiz XV de tomar banho com o sangue de crianças.
Às vezes, na ânsia de divulgar uma fofoca, o fofoqueiro é capaz até de se prejudicar, mas a vontade de fofocar supera tudo. Vou dar um exemplo simples e que tenho como verdadeiro porque quem me contou merecia todo o crédito possível.
Deu-se (adoro começar assim uma história) que depois do movimento militar de 1964 chegou ao conhecimento das altas patentes que um cidadão andava por todo canto sentando o pau na dita revolução. Um belo dia decidiram dar um susto no sacripanta. Mandaram uma guarnição prendê-lo e levaram-no até o quartel onde foi posto numa cela. Os militares combinaram que simulariam um fuzilamento do fofoqueiro e assim fizeram. Encostado numa parede do quartel ele viu uns 10 soldados armados com rifles apontarem as armas para ele e seguindo as ordens de comando dispararem (balas de festim, obviamente) em sua direção. Desmaiou de susto e ao acordar viu o comandante em sua frente. “- Olha aqui, seu safado, isso foi só um aviso pra você parar de fofocar. Pode ir embora”.
O fofoqueiro saiu do quartel e na esquina encontrou um amigo que perguntou pelas novidades. Ele olhou para os lados e segredou: “- Rapaz, o exército faliu; nem bala que funcione eles têm mais”.
2 Comentários
Esse , é o que se pode chamar de, “um fofoqueiro determinado'”. Embora todo cagado do medo, seguiu sua missão já na primeira esquina que encontrou. Aliás, porquê será que os fofoqueiros adoram uma esquina?
Esse é o que se pode chamar de, “fofoqueiro determinado'”, mesmo todo cagado do medo que tivera, na primeira esquina já continuou com sua missão de fofocar, igualzinho ao mentiroso, eles nunca desistem, Juntos seguem, nunca desistirão dos vossos ofícios.