Para surpresa geral, os cidadãos do cantão suíço de Genebra aprovaram em referendo um salário mínimo de 3.859,76 euros ao mês (algo em torno de R$ 25 mil, considerando o valor do Euro hoje no Brasil – R$ 6,58), considerado o mais elevado do mundo. Depois de terem rejeitado a proposta em 2011 e em 2014, relatos sobre pobreza crescente na cidade devido à pandemia de Covid-19 levaram os 500 mil eleitores de Genebra a alterar o voto.
A proposta, de sindicatos e partidos de esquerda, foi aprovada com 58 por cento dos votos e deverá entrar em vigor em 17 de outubro próximo.
Foi uma “marca de solidariedade” para com os pobres da cidade, reagiu Michel Charrat, presidente do Agrupamento Transfronteiriço Europeu, que apoia quem vive e trabalha entre as fronteiras de França e da Suíça.
A televisão France 3 referiu que a cidade suíça, cuja economia depende do turismo e das viagens de negócios, foi extremamente atingida pela pandemia de Covid-19 e as filas crescentes de pessoas à porta dos bancos alimentares têm sido um choque para os habitantes da cidade.
A “Covid-19 mostrou que uma certa parte da população suíça não consegue viver em Genebra”, referiu. “O mínimo, para não cair abaixo da linha de pobreza e ficar numa situação muito difícil, são 4.000 francos suíços (3.715,35 euros)” mensais, afirmou.
A medida irá beneficiar 30 mil trabalhadores mal pagos, dois terços dos quais, mulheres, acrescentou. Genebra é considerada a terceira cidade mais cara do mundo, atrás de Zurique e de Ashgabat, a capital de Turquemenistão.
Os grandes beneficiados pela medida serão os cerca de 300 mil trabalhadores que moram na França mas trabalham na Suíça.
Antes da votação de domingo passado, Alexander Eniline, do Partido Trabalhista da Suíça, disse que “a introdução de um salário mínimo é uma exigência fundamental de justiça, e uma medida essencial contra a precariedade”. Acrescentou que as alegações de que o salário mínimo irá destruir empregos e aumentar o desemprego “não têm fundamento”.
Os salários na Suíça podem ou não ser regulados pelas autoridades dos 26 cantões que compõem o país. Dois outros cantões, Jura e Neuchâtel, já aplicam uma remuneração mínima, de 18,57 euros a hora. O resto do país não tem qualquer medida do gênero.
A hora de trabalho passará a ser paga em Genebra a pouco menos de 21,50 euros, duas vezes mais do que na França, com um salário mensal garantido de 4.086 francos suíços (3.794,32 euros), para uma semana de 41 horas, ou 49.000 francos suíços (45.505,83 euros) ao ano. Na França, a remuneração mínima é de 10.15 euros por hora e de 1.539,42 euros por mês para uma semana de 35 horas.
Em Portugal, continental, o salário mínimo mensal foi fixado em 635,0 euros, num total anual de 8.890 euros, correspondente a 14 meses. Dividido por 12 meses, será de 740,8 euros mensais. A semana de trabalho oscila entre as 35h00 semanais aplicada no setor Estado e as 40h00 semanais no privado.
A medida foi votada domingo em Genebra, dia 27 de setembro, na mesma votação em que os suíços rejeitaram uma proposta contra a livre circulação de cidadãos da União Europeia no país.
Fonte: Agência Reuters
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