Marcos Pires
Ah, essa internet! Quanto mais conheço as tais ferramentas mais me surpreendo com o que está à nossa disposição e não enxergamos. Se de um lado é maravilhoso, de outro me surpreende ter que treinar meu coração para esses avanços. O que me fascina atualmente são os grupos de whatsapp, também conhecidos como atizapi, zapzap e outras variações menos votadas.
É que de repente estamos ingressando numa nova maneira de interação social totalmente revolucionária, sem que nos apercebamos de sua extensão. Antes do zap nós tínhamos em regra três ou quatro grupos diferentes de amigos; basicamente aqueles amigos de escola e faculdade, os amigos do trabalho e os amigos da atualidade. Só encontrávamos os parentes em raros casamentos ou batizados.
Depois dos grupos do zap tudo mudou. Parentes passaram a ser grupos de familiares, e aí já vem a primeira bronca. Não existe um único grupo de familiares, mas vários. Primeiramente um grupo bem grande, com toda a parentada, que normalmente muito pouco interage, servindo só para dar más notícias; vovó morreu, titio está muito mal. Isso porque nesses grupos estão parentes que são brigados a ferro e fogo entre si. Um cunhado que deu o golpe do baú, um irmão que roubou os outros…daí surgirem os subgrupos familiares, que se comunicam por alguns poucos membros. Nesses sim, a fofoca corre frouxa, de chifres a falências dos parentes que não estão participando.
Outra nova espécie criada com o advento dos grupos de zap são aquelas bem específicas, como pessoas que se juntam para fazer uma mesma viagem ou uma festa. Até o dia do evento há uma intensidade enorme de mensagens, com troca de informações que extrapolam o objetivo original de criação do grupo e são motivo de reprimendas seríssimas, como: “- Esse grupo não á para divulgar receita nem foto de comida”, ou: “- Tem gente que não entende nada, só imbecilidade”. Já viram que a festa ou a viagem vão ser bem “animadas”, né? Mas há algo de triste nesses grupos, que é o final do objetivo. As pessoas vão saindo e o grupo vai murchando, desidratando.
Pior ainda é quando forma-se um grupo mais fechado entre conhecidos de uma mesma atividade e alguns ficam de fora. Sem querer, os integrantes do grupo soltam aqui e acolá comentários sobre esse grupo e os que ficaram de fora chiam. Sentem-se diminuídos, humilhados, chegam a cortar relações. O cumulo disso ocorreu aqui na Paraíba, quando alguns amigos constituíram um grupo chamado S.I. – Sem Idiotas, e obviamente deixaram alguns outros de fora. Pois um dos excluídos descobriu e tanto pediu, insistiu, encheu o saco, que os demais resolveram inclui-lo no grupo, que passou a se chamar… Q.S.I. – Quase Sem Idiotas. Pasmem, leitores, com a concordância dele.
Certas pessoas não conseguem ser mais idiotas ainda somente por falta de espaço.
1 Comentário
É muita idiotice mesmo !!!