No Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Tuca), o candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, recebeu nesta segunda-feira (22) à noite o apoio de 69 torcidas organizadas de clubes de futebol, unindo Corinthians e Palmeiras, Flamengo e Vasco, Internacional e Grêmio, entre outros rivais. Também participaram líderes religiosos de diversos credos, artistas e intelectuais.
Os torcedores subiram ao palco, onde estava Haddad, para defender o que chamaram de Manifesto das Torcidas pelo Brasil. No documento, assinado por representantes do Corinthians, Internacional, Grêmio, Vasco, Palmeiras, Flamengo, Santa Cruz, Sport, Náutico, Cruzeiro, São Paulo, CSA, entre outros, os esportistas destacam a importância do diálogo.
“É imensamente importante que tenhamos clareza e diálogo para nos posicionarmos nesse momento em nome da democracia e da liberdade. Caso contrário, todos os nossos sonhos e lutas terão sido em vão”, diz o documento.
Religiosos católicos, evangélicos, budistas e de matrizes africanas também subiram no palco para fazer uma oração pela candidatura de Haddad. Intelectuais e artistas ressaltaram a importância de defender a democracia e o Estado de Direito.
Alerta
Durante o evento, Haddad agradeceu o apoio divulgado hoje pela candidata derrotada da Rede, Marina Silva. “Esse reencontro democrático me enche de orgulho”, afirmou o presidenciável, que mais cedo, nas redes sociais, lembrou da convivência harmônica e respeitosa com Marina Silva quando ambos eram ministros.
Haddad acrescentou que as propostas do adversário Jair Bolsonaro (PSL) podem até serem aceitas em um momento de “delírio”, mas jamais prevalecerão. “A humanidade jamais vai concordar com o arbítrio. Pode até, em um momento de delírio, de perturbação, de raiva, de ódio, ela pode até querer abraçar um projeto que ele representa.”
Em seguida, o candidato acrescentou: “Mas a gente acorda desse pesadelo e realiza a humanidade que todo mundo tem dentro de si. Ele é o antisser humano, é tudo que precisa ser varrido da face da Terra”, afirmou.
Reações
Haddad reiterou a rejeição pelo tom adotado pelo adversário, que pregou a exclusão dos “vermelhos” durante ato na Avenida Paulista. “Ontem [21] ele fez um vídeo muito grave, que eu nunca tinha visto uma pessoa ter coragem de fazer: que é ameaçar de morte um adversário, ameaçar a integridade física dos seus opositores, dizendo que não terão lugar no Brasil, ou a cadeia ou o exílio. Disse com todas as letras, está gravado, registrado para a posteridade”.
Mais cedo, o candidato do PT disse, ao comentar o mesmo episódio, que as instituições não estão reagindo às ameaças à democracia.
O candidato do PT ressaltou que, até o dia 28 (data do segundo turno), o país vai perceber o verdadeiro projeto político de Bolsonaro. “É uma pessoa que saiu das trevas da ditadura, dos porões da ditadura e, sem que as pessoas consigam perceber o que ele representa, ainda, porque nós temos até domingo para demonstrar, ele vem galgando degraus e agora parece como um paladino da restauração de uma ordem que ninguém quer mais.”
Agência Brasil
6 Comentários
O problema é que essas torcidas organizadas estão recheadas de bandidos. Tem uns apoios que é melhor não ter.
O Correio Brasiliense de hoje noticia que a turma do candidato da extrema-direita está planejando
a liberação dos jogos em cassinos.
O que será que os bispos e pastores evangélicos vão dizer para as suas ovelhas como justificativa?
Em qual livro da Bíblia encontrarão respaldo? Imagino que será necessário uma dose de “criatividade”
ainda maior que a já usada para “abonar” tudo o que tem sido dito e feito pelo B.
Qual será o saldo futuro que os evangélicos terão do apoio politico que agora estão dando?
Não precisa ser oráculo para já saber desde agora. Lembram da profecia sobre a reconstrução do
Templo de Salomão? Lembram do cavalo de Troia? O B. pode se tornar o cavalo de Troia daquele
vetusto bispo evangélico cheio de arrogância.
Da revista Carta Capital
Como Haddad e Bolsonaro pretendem enfrentar a desigualdade?
por Carlos Drummond — publicado 23/10/2018 01h01, última modificação 22/10/2018 12h03
Respostas de economistas às perguntas de CartaCapital sobre os programas dos candidatos mostram diferenças abissais para combater a pobreza
O eleitor liberto, ainda que por um momento, da manipulação das redes sociais e da mídia e disposto a comparar a parte econômica dos programas dos candidatos a presidente encontrará um contraste tão descomunal que provavelmente vai concordar com o economista Thomas Palley, Ph.D. por Yale e coordenador em Washington do projeto Economia para Sociedades Democráticas e Abertas, que diante da preferência por Bolsonaro escreveu:
“O Brasil está caindo sob o feitiço político do mal. É como se eleitores caminhassem tal qual sonâmbulos rumo à destruição da democracia brasileira. Sob a influência do feitiço, tornaram-se cegos para a verdade sobre a política brasileira”.
As respostas de vários economistas às perguntas de CartaCapital sobre como os programas de Bolsonaro e de Haddad encaminham o aumento ou a redução da desigualdade e da soberania mostram diferenças abissais e reforçam o diagnóstico de Palley.
Segundo a professora Leda Paulani, da USP, “inicialmente é preciso dizer que o programa de Bolsonaro como um todo é de uma pobreza inacreditável. Parece que, em meia hora, alguém sentou, rascunhou aquelas frases mal alinhavadas e apresentou o resultado como programa de um candidato à Presidência de um país tão complexo e multifacetado como é o Brasil”.
Em relação à desigualdade, diz, “é evidente que uma proposta que não fala em reforma tributária para reduzir o peso dos tributos indiretos nem em abolir os privilégios conferidos aos ganhos financeiros, que não menciona a necessidade de elevar os tributos sobre patrimônio para colocá-los em linha com o que se faz nos países mais desenvolvidos e, mais ainda, que propõe candidamente uma taxa única de 20% para o IR vai contribuir em muito para o aprofundamento da desigualdade, uma mazela cuja redução estava em progresso e que a crise econômica fez regredir.
A proposta de criação da carteira de trabalho ‘verde-amarela’, em oposição à tradicional carteira azul que garante os direitos dos trabalhadores, vai na mesma linha. Trata-se de uma espécie de ‘formalização’ do trabalho informal, além de subliminarmente tratar como antipatriota o trabalhador que insistir na carteira azul e, portanto, na manutenção dos seus direitos”.
A professora sublinha a fala do candidato a vice, general Mourão, depois desautorizada por Bolsonaro, no sentido de extinguir o 13º salário e o adicional de férias. “É evidente que esse conjunto contribuirá em muito para o aprofundamento das abissais desigualdades já existentes em nosso país. Não há aqui muito mais a dizer porque o programa é muito pobre.”
Quanto às medidas do programa de Haddad para enfrentamento da desigualdade, diz Paulani: “Não é preciso muito tino para perceber que uma proposta que defende a isenção do Imposto de Renda para todos os que ganham abaixo de cinco salários mínimos, compensando-se essa redução com a elevação dos tributos daqueles mais bem posicionados em termos de renda e de riqueza já é em si e por si um programa de redução de desigualdade.
“Além disso, a própria recuperação do crescimento, possibilitando a retomada de alguns serviços e programas públicos que estão com recursos congelados ou reduzidos, como o Bolsa Família, também contribuirá nesse sentido. Em paralelo, serão tomadas as providências para a revogação da Emenda Constitucional nº 95, do teto dos gastos. A criação do Programa Salário Mínimo Forte é mais uma medida nesse sentido.
“Dada sua importância quanto aos benefícios sociais pagos pelo sistema previdenciário – mais de 20 milhões de pessoas recebem benefícios de um salário mínimo –, o aumento de seu valor real é uma das políticas mais efetivas de redução das desigualdades. Se, além disso, passa-se a tributar vários rendimentos do capital que hoje são isentos (como os dividendos), então tem-se um programa muito forte de redução de desigualdades não só em termos da distribuição pessoal, como também da distribuição funcional da renda”.
Múltiplos aspectos do programa do PSL reforçam a desigualdade, concorda Felipe de Holanda, presidente do Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos: “O mandato de independência do Banco Central apenas para o combate à inflação via elevação da taxa de juros, por exemplo, reforça a probabilidade de voltarmos a taxas de câmbio supervalorizadas, funcionais para o controle inflacionário, mas altamente danosas ao emprego industrial.
“O programa de Haddad segue a direção oposta, pois estabelece compromissos com um mandato dual do Banco Central (controle de inflação e determinado patamar de geração de empregos), algo praticado nos EUA e que impediria loucuras como a elevação da taxa básica de juros a 14,25%, entre 2013 e 2017, que foi um dos principais fatores de aprofundamento da recessão recente”.
Na macroeconomia, observa o economista Antônio Corrêa de Lacerda, professor da PUC-SP, “Bolsonaro fala em reduzir a zero o déficit primário e gerar superávit em 2020, um espanto! O primeiro equívoco é insistir no ajuste fiscal a qualquer custo, o que se mostrou inviável, pois é impossível fazê-lo sem crescimento da economia.
O segundo é não fazer uma autocrítica da abertura comercial e da privatização já realizadas nos anos 1990. Isso tudo tende a aprofundar as disparidades regionais e de renda”. Já o programa de Haddad “tem o mérito de reconhecer o papel das políticas macro e industriais para recuperar a capacidade de crescimento da economia e fortalece a política social. Ambas as frentes favorecem a distribuição de renda, a primeira a longo prazo e a segunda a curto prazo, uma vez que a enorme desigualdade regional e de renda exige medidas focadas no tema”.
Sobre o programa de Bolsonaro e a soberania nacional Leda Paulani sublinha: “Quando se propõe a privatização indiscriminada de tudo que ainda pertence ao Estado brasileiro é evidente que não há nenhuma preocupação com a soberania, uma vez que, regra geral, são os grandes grupos internacionais que acabam comprando essas empresas.
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Mas para chegar a tal conclusão não é preciso ir ao programa do candidato, que, aliás, não ajuda muito, porque é muito pobre, como já disse. Basta assistir às entrevistas do Posto Ipiranga, Paulo Guedes. Haddad referiu-se às propostas de Paulo Guedes como sendo produto de um ‘neoliberalismo desalmado’.
Eu concordo e acrescento que esse neoliberalismo desalmado, absolutamente insensível às necessidades da maioria da população, é produto de um ‘neoliberalismo descabelado’, ‘enlouquecido’, que deixado a si mesmo privatiza até o serviço diplomático. Como falar em soberania com uma visão dessas? Essa deve ser, para eles, a última das preocupações.
A tutela militar, que certamente existirá, não garantirá nada nesse sentido, ao que parece, a não ser a tosca tarefa de ‘afastar a ameaça comunista’, que, além de completamente extemporânea, ou exatamente por causa disso, ninguém sabe o que vem a ser.
Assim, tudo indica que teremos uma política de terra arrasada, na qual não haverá a menor preocupação com a colocação, em mãos estrangeiras, de nossos ativos produtivos (mesmo que eles sejam lucrativos e se encontrem em setores estratégicos) e de nossos abundantes recursos naturais.
De outro lado, a política de atuar sempre no sentido de favorecer o mercado financeiro deve levar também à manutenção da taxa real de juros em níveis muitíssimo altos, em média, observados há quase três décadas, ou mesmo a aumentá-la.
Juros elevados implicam apreciação de nossa moeda e a continuidade do processo de desindustrialização, o que evidentemente não combina com qualquer apreço à soberania nacional”.
Segundo Felipe de Holanda, “o amplo programa de privatizações proposto pelo economista Paulo Guedes, realizado em curto espaço de tempo e em cenário ainda de elevadas incertezas (utilizando altas taxas de desconto), deverá render muito pouco ao governo, contribuindo, entretanto, para ganhos extraordinários das instituições financeiras envolvidas, considerada apenas a transferência patrimonial.
A liquidação de ativos estratégicos da Petrobras nas áreas de refino, transportes e varejo, assim como a privatização de ativos da Eletrobras e da área portuária, aumentará a perda de coordenação do setor produtivo estatal, enfraquecendo mais ainda a soberania nacional”.
A diferença em relação ao programa do candidato do PT é imensurável, como explica Paulani: “O termo soberania nacional aparece já no primeiro capítulo do programa de governo de Haddad e Manu e o mínimo que podemos dizer é que esta não é uma preocupação menor. Fala-se ali da necessidade de retomar a política externa ativa e altiva levada à frente pelo ex-chanceler Celso Amorim nos governos de Lula.
“Assim, devem ser retomadas as medidas no sentido do fortalecimento regional da América Latina, bem como aquelas direcionadas à consolidação dos BRICS, iniciativa de caráter geopolítico das mais importantes e que teve no Brasil, até o advento do golpe que tirou indevidamente a presidenta Dilma do poder, seu principal porta-voz e protagonista.
“Há todo um capítulo dedicado à promoção de um novo projeto nacional de desenvolvimento, que passa não só por revogar o legado da era Temer (a EC nº 95, a reforma trabalhista, as privatizações, a entrega do pré-sal etc.), como por tomar as medidas emergenciais capazes de tirar o País da armadilha recessiva (redução dos juros para os tomadores de empréstimo, programa emergencial de empregos associado à retomada dos investimentos públicos e ampliação da isenção do IR para as classes mais baixas de renda estimulando o consumo).
“Ainda mais importante é a preocupação, explícita no programa, com as medidas estruturais capazes de reindustrializar o País. Não por acaso consta no mesmo capítulo a necessidade de manter a taxa de câmbio em níveis competitivos e de torná-la menos volátil”.
Segundo Lacerda, Haddad aposta na autonomia do País diante das grandes potências e conduzir um programa econômico mais sólido fortalece as bases do desenvolvimento autônomo, aspecto relevante para a soberania.
Legal!! Falta só combinar com os torcedores.#PTnuncamais. Sou Paraíba torço pelo Belo e me inclua fora dessa.
Juntando os votos não enche dois ônibus! !!!!
KKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Com esse apoio ele deve ganhar a eleição com 69% dos votos validos.