Memórias

HISTÓRIA – A força das marchinhas de carnavais no passado e a entrada de José Américo de Almeida na briga pelo Catete

25 de fevereiro de 2020

Marcos Maivado Marinho 

Faltando oito meses da eleição, candidatos já disputavam votos e a bênção de Getúlio Vargas. E as marchinhas carnavalescas davam o tom para o povo se movimentar.

A candidatura do paraibano José Américo de Almeida foi lançada oficialmente na convenção presidida por Benedito Valadares, governador de Minas Gerais.

Era identificada com o governo Vargas, tinha o apoio de quase todos os governadores, dos deputados situacionistas e de jornais como o “Correio da Manhã” e o “Diario Carioca”.

Os candidatos já eram conhecidos.

José Américo, além de escritor (publicara “A Bagaceira” em 1928), fora ministro de Viação e Obras Públicas do governo Vargas, senador pela Paraíba e, desde 1935, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), indicado por Getúlio.

Os paulistas, com apoio do Rio Grande do Sul, lançaram Armando de Sales Oliveira, do Partido Constitucionalista, de oposição ao governo federal. A ala governista mais à direita ficou com Plínio Salgado, da Ação Integralista Brasileira, que mais tarde abriria mão da candidatura.

Nos meses seguintes, a campanha esquentaria.

José Américo inovou, fazendo comícios em favelas e outros lugares frequentados pelas classes populares. Em seus discursos, denunciava Sales Oliveira como o representante do grupo defenestrado na Revolução de 1930, comprometido com uma política favorável apenas aos interesses econômicos dos grandes proprietários rurais do centro-sul.

As eleições presidenciais já estavam na boca do povo desde o ano anterior. No carnaval, a marcha de Antônio Nássara e Cristóvão de Alencar, composta em 1936, fazia sucesso na voz de Sílvio Caldas:

“…O homem quem será?

Será seu Manduca? Ou será seu Vavá?

Entre esses dois meu coração balança,

Porque, na hora H, quem vai ficar é seu Gegê!”

 

“Manduca” e “Seu Vavá” eram, respectivamente, Sales Oliveira e Osvaldo Aranha — que chegou a ser cogitado para a vaga.

Arnaldo Amaral, por sua vez, cantava a composição de Ari Barroso:

 

“Quem é o homem? Eu não digo não.

Quem é o homem? — É uma interrogação.

Eu sei quem é, mas não quero dizer,

Pois tenho medo d’a polícia me prender…”.

 

No dia 9 de julho, aniversário da sublevação paulista, estreou no teatro Recreio (Rio de Janeiro) a peça “Rumo ao Catete”, de Mário Lago, Custódio Mesquita, Luís Iglesias e Freire Júnior. No palco, Oscarito, Araci Cortes, Eva Todor e Valdomiro Lobo, entre outros, faziam galhofa com a campanha presidencial.

O condutor do bonde, Getúlio, não tinha pressa de sair.

Quando a passageira Opinião Pública insistiu para que ele desse a partida no bonde, Getúlio respondeu que só partiria com a lotação completa — faltavam chegar Macedo Soares, Sales Oliveira, José Américo de Almeida, Benedito Valadares e Flores da Cunha.

Quando, porém, o bonde finalmente ficou cheio, Getúlio o vendeu ao governador mineiro e desceu.

Flores da Cunha questionou: “Como é lá isso? Você não vai?”.

Getúlio respondeu: “Eu fico”.

A história mostraria que o condutor do bonde estava certo.

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1 Comentário

  • Reply Delfos 25 de fevereiro de 2020 at 20:21

    O boneco do Bolsonaro, no carnaval de Olinda foi vailado, xingado, e recebeu um banho de excrementos.
    E não apareceu ninguém da Direitralha para limpar a sujeira..

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