Antônio Mariz foi candidato a governador em 1982, no tempo do voto vinculado. Enfrentou o deputado Wilson Braga, da Arena, então apoiado pela Revolução de 64 e pelo esquema governista de Tarcisio Burity. Levou uma surra.
O interessante é que, durante a campanha, tudo apontava para uma vitória de Mariz. Seus comícios eram os mais concorridos, as passeatas e carreatas eram maiores do que as de Braga, porém, na hora do voto, falou mais alto o cabresto. Mariz perdeu.
Eu, romântico jornalista de passos iniciais, não só votei como apoiei Mariz. Até discursos fiz. Na ida dele a Princesa, lá estávamos eu, Paulo Mariano, Italo Kumamoto e Miguezim Lucena, ainda menino, para recepcionar a comitiva da oposição. O ministro João Agripino também foi, ao lado de Zé Maranhão, que pilotou o avião de sua propriedade para levar as principais estrelas do PMDB. Pedro Gondim, candidato a senador, voltava a Princesa pela primeira vez desde que deixara o Governo.
Naquele ano houve um fenômeno: em Princesa, os inimigos mortais Nominando e Aloysio Pereira votaram em Wilson Braga. Havia a possibilidade de Nominando recomendar o voto camarão, porém, no comício, João Agripino esculhambou com a família de Diniz e ele, com raiva, aderiu a Wilson Braga.
A comitiva do PMDB, formada por Zé Maranhão, Ney Suassuna, Humberto Lucena, Antônio Mariz, João Agripino, Jório Machado, Edvaldo Motta e Pedro Gondim dormiu na casa de Paulo Mariano. Paulo, de poucas posses, espalhou colchões pelo chão da sala, dos quartos e da cozinha, onde os visitantes se deitaram e dormiram. Mas, previdente, avisou a João Agripino, tido como enxerido: “Podem dormir à vontade, mas não inventem de invadir o quarto de Terezinha, minha mulher, porque se fizerem isso, o peido avôa”.
Eu trabalhava no Correio da Paraíba, era secretário de redação. Gozava de certo prestígio, mantinha coluna assinada no jornal, participava do programa de Luiz Otávio, até fã-clube eu tinha. Mas assim que as urnas disseram que Wilson Braga era governador, a coisa mudou. Meus discursos e artigos desagradaram o lado vitorioso e isso pesou na decisão de me demitirem. Foi triste a cena. Chegava ao Correio para o expediente, na sala um circunspecto Bosco Gaspar e um desconfiado Luiz Otávio me esperavam. Antes de qualquer bom dia, Bosco deu a novidade: “Passe no setor de pessoal para receber sua indenização. Você está demitido”.
Houve uma reviravolta na minha vida. Até então, na minha casa do Cristo Redentor faziam morada jornalistas e políticos. Todo fim de semana havia churrasco e bom uísque. Perdi o emprego, fui obrigado a mudar de endereço, passei a morar numa casa alugada no Conjunto Ernani Sátyro e nunca mais fui visitado.
Foi por isso que, nunca mais, aceitei frequentar altas rodas ou receber na minha casa os amigos de ocasião. A esses omiti até o telefone.
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