Major Feliciano deixou a xicara de café pela metade e saiu correndo rua abaixo, chegando a tempo de ver os três homens armados, tentando invadir a casa do Capitão Erasmo. Eles saíram no embalo da primeira morte, dispostos a terminar o serviço. Queriam varrer do solo de Princesa qualquer vestígio da raça de Idelfonso, aí incluídos mulher, sogra, sogro e quem mais estivesse em casa.
Ao major coube abrir os braços e gritar que somente por cima do seu cadáver. Neco Lima não se intimidou. Armou o rifle e apontou na direção do velho, mas foi contido por Policarpo, seu comparsa de crime e filho do major, que com o revólver engatilhado ameaçou mata-lo se disparasse o rifle.
Fugiram para a serra. Ao major coube entrar na casa e consolar a família do médico assassinado, principalmente Dulce, a viúva, grávida de nove meses, prestes a parir.
O major Feliciano Florêncio foi acometido de profundo desgosto. Não esperava ver um filho assassino e fugido. Com certeza seu prestígio na vila ficaria arranhado para sempre. Logo ele, homem decente, tido e havido como severo cultor dos bons modos e defensor ardoroso da família.
A vila de Princesa estava vazia naquele começo de noite. O povo, com medo, não abria as portas. Sabia-se que algo muito grave acontecera, o tiroteio foi ouvido na redondeza.
Feliciano, em casa, também escutou a zoada, mas não imaginou que se tratasse de coisa tão séria. Por isso a palidez no rosto quando ouviu o relato do ocorrido pela boca de Tota Sitônio:
-Neco, Policarpo e mais outros mataram Dr. Idelfonso e estão indo matar a família dele.”
Na pressa para conter os criminosos, esqueceu de levar a garrucha que mantinha sempre na cintura. Chegou de peito aberto e não morreu porque Policarpo sacou o revólver e encostou-o na testa de Neco, ameaçando atirar se ele puxasse o gatilho.
1 Comentário
Li o livro de Cristina Couto: “A Tragédia de Princesa”.
É uma excelente obra, de história e literatura.