opinião

Humor

29 de setembro de 2019

Marcos Pires

Quando vocês estiverem lendo estas mal traçadas, queridos leitores, eu estarei imerso na maior concentração de bom humor do Brasil. É que em São Paulo está sendo realizado o “Comedy Central Fest”, com os comediantes do “A culpa e do Cabral”, disparado o melhor programa de humor nacional, e mais Fabio Porchat, Porta dos fundos, Vitor Sarro, show inédito do Kibe e por aí vai . Uma pena que meus queridos Nairon, Piancó e Jessier tenham ficado de fora, apesar de terem bitola para o evento.

    São seis horas ininterruptas de gargalhadas, de onde pretendo sair com a barriga doendo de tanto rir. Mas não vim só para isso. Vim aprender com quem sabe. Quero contar histórias que façam as pessoas felizes. É que entendo o humor como a mais eficaz ferramenta que Deus deu à humanidade. Na minha fé é assim; tem coisa mais chata do que uma pessoa que se acha séria? Já os bem-humorados herdarão o reino dos céus. Porque se o paraíso é o que imaginamos, lá não vão estar os chatos. A exceção é para as pessoas que não sabem contar histórias, que estragam uma anedota, como é o caso do meu enorme amigo Murilo Paraiso. Com Murilão é pior ainda; mesmo cheio de boas intenções ele costuma esquecer o fim das piadas que está contando. Mas irá para o céu, com certeza.

    O bom humor serve para tudo. Lembro que uma vez estava cuidando da cassação de um prefeito muito do pilantra junto ao TSE e na sustentação oral citei aquela história do meu colega escritor Ariano Suassuna, que todo domingo ia ao mercado São José em Recife para tomar caldo de cana e ouvir os cantadores. Logo na entrada um ceguinho lhe pedia esmolas e ao longo dos anos já identificava Ariano pelos passos. Lá um dia saudou meu colega de oficio e pediu para que ele adiantasse quatro semanas de esmola porque iria tirar um mês de férias. Com isso eu demonstrei como o Brasil funciona, consegui a atenção da Corte (quem é do ramo sabe como é difícil) e cassei o mandato do sacripanta. Tempos depois encontrei o Ministro Sepúlveda Pertence (a quem Dona Creusa Pires concedeu um título de cidadão de João Pessoa quando era Vereadora) e ele imediatamente recordou: “- Você é o advogado que citou Ariano?”. Pois é; nem só de Kelsen vive o Judiciário.

    Terminaria aqui se não fosse absolutamente imprescindível relembrar Oscar Wilde: “A vida é muito importante para ser levada a sério”.

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