opinião

INTRODUÇÃO DO CAFÉ NO BRASIL, NA PARAHYBA E EM BANANEIRAS

30 de abril de 2023

Ramalho Leite
O café era produzido na Guiana Francesa e proibido a saída de grãos para o Brasil. O governador do Grão Pará, Geraldo Maranhão enviou à Colônia vizinha o Sargento-mor do Exercito Francisco de Melo PALHETA que, ao visitar uma plantação de café, recebeu das mãos da esposa do governador local  um punhado de grãos que recolheu ao seu bolso. De volta ao Brasil, PALHETA PLANTOU AS SEMENTES NOS ARREDORES DE BELÉM DO PARÁ, ONDE MORAVA. O NOME DE PALHETA  ficou eternizado na historia do café.
Na PARAIBA, ACREDITA-SE QUE O CAFÉ FOI INTRODUZIDO ENTRE A TERCEIRA DECADA DO SECULO XVIII E A SEGUNDA DO SECULO XIX. Para Apolônio Nobrega, ninguém sabe com exatidão a época da entrada do café entre nós.
A primeira experiência foi em Mamanguape mas as terras da região não ofereciam condições geológicas adequadas. O gaúcho TOMÉ BARBOSA DA SILVA RESOLVEU FAZER O EXPERIMENTO NAS TERRAS DE BANANEIRAS. SURGIU ENTÃO O PRIMEIRO SITIO EM BACUPARÍ. O CORONEL Anisio da Costa Maia, porém, duvidava dessa assertiva e atribuía ao português JOÃO LOPES PORTO  a iniciativa.
Maurilio Almeida, em O Barão de Araruna e sua Prole escreve:
“Bananeiras veio a ser observada pelas outras Vilas e cidades com olhos de cobiça, inveja e despeito. Ela pode lograr a formação de uma aristocracia rural, com preponderante apoio nos privilégios econômicos resultantes da produção de café”.
A produção do café na PB foi objeto da preocupação do governante paraibano Beaurepaire Rohan em mensagem à Assembleia Provincial no ano de 1859. A cargo do vice presidente Felizardo Toscano de Brito, da mensagem dirigida à Assembleia, de 4 de agosto de 1865, destaca-se: “Como sabeis, muitas das terras da Província, sobretudo as serras, são as mais apropriadas para  a plantação do café, que em algumas provinciais do sul é a principal e mais importante fonte de riqueza. O plantio da rubiácea não vem sendo descuidado, produzindo excelentes resultados na Vila de Bananeiras”.
Entre nós, o maior produtor foi o coronel e comendador Felinto Florentino da Rocha, filho do Barão de Araruna que chegou a contar 300 mil pés de café.
A produção do café era beneficiada  em maquinas instaladas nos engenhos de açúcar e aguardente. O anuário estatístico de 1916 registra a existência dessas  MACHINAS DE  DESPOLPAR CAFÉ, sua localização E SEUS PROPRIETÁRIOS a saber:
Borborema- dr.José Amâncio Ramalho
Camará – Francisco Guedes Pereira
Cumati – Francisco Barbosa Coutinho
Covão – Francisco Florentino de Medeiros
Gamelas – Sigismundo Guedes Pewreira
Olho D’água Seco – Balduino E. Monteiro
Palmeltin – Antônio Alves da Rocha
Essa produção era encaminhada ao Porto de Mamanguape para exportação. Daí a necessidade do trem chegar a Bananeiras para exportar o café por Cabedelo. A partir de 1921 o cerococcus parahybenses dizimou as plantações de café. O trem chegaria em 1925, quando não existia mais café para ser transportado.
Em 1924 surgiria, porém, uma iniciativa na cidade, promovida por um filho do Comendador Felinto, Antônio Rocha, sogro de Pedro Augusto de Almeida, ex-prefeito, ex-deputado e formaram uma sociedade para beneficiamento do café e instalaram uma maquina a vapor para essa finalidade. Luana Ranieri em trabalho publicado pela Cia Nacional de Autores, cita nesse empreendimento a colaboração do alemão Frederico Kramer, “ex tripulante de um navio alemão aprisionado no porto do Recife”. O fato é verdadeiro mas o alemão não é esse.
Sob a responsabilidade de Antônio Rocha o alemão foi liberado pelas autoridades e trazido para Bananeiras. Chama-se Wildt e apaixonou-se justamente pela filha do seu benfeitor, casando e constituindo numerosa família. A primeira coronela da Policia Militar da Paraíba, Chistiane Wildt é sua neta.
Frederico Kramer era radicado em Borborema e transferiu-se para Bananeiras onde passou a gerenciar a Empresa Hidroelétrica do dr.José Amâncio Ramalho nos anos 1920 em diante. Depois migrou para Natal/RN.
A confusão com a identificação do alemão é repetida por Manoel Luiz da Silva em um dos seus livros.
Bananeiras viveu uma verdadeira civilização do café. Os sobrados do inicio do século passado são o espelho da riqueza produzida pelo café.
Por volta de 1945, o imortal Celso Mariz, proferindo palestra no Bananeiras Clube sob o titulo Bananeiras, antes e depois do café, assim traduziu o fasto produzido pelo ouro vermelho e alguns dos seus beneficiários, de tradicionais famílias bananeirenses: “João Rocha acendia cigarro com notas de duzentos mil reis. Equipadores vaidosos, em dias de feira, banhavam os cavalos com cerveja. Joao Belo e outros aventureiros do pano verde vinham aqui como um manancial inesgotável. Era a vida estudante de um núcleo prospero e feliz onde o dinheiro sobrava para os excessos generosos, sadios, boêmios e supérfluos”.
Foi quando apareceu um bichinho encarnado e acabou com a farra. A esse bichinho chamaram cerococcus parhybenses. Ele encerrou a historia do café no brejo da Paraiba do Norte.

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