Corria o ano de 1874. Jesuino Brilhante era, naquele tempo, o rei do sertão. Cangaceiro com fama de justiceiro, não admitia abusos nem injustiça.
O bando estava sedento e faminto depois de um tiroteio na cidade de Pombal.
Jesuino foi quem primeiro avistou a casa. Casinha de pobre, de taipa, encravada nas capoeiras secas da terra sem água.
Bateu à porta e apareceu uma mulher com cara de choro.
O marido estava viajando e ela chorava porque um negro valente da região chamado Curió mandara avisar que bateria na sua porta à noite para com ela dormir.
O cangaceiro ouviu a queixa da mulher e ordenou ao bando que acampasse num lugar distante da casa, mandou a mulher dormir na casa de um vizinho e se trancou ele mesmo no quarto, com a luz apagada, à espera do sedutor.
Que logo chegou.
Encontrou a porta só encostada, entrou na casa, fechou a porta por dentro e, sem conter a ansiedade, invadiu o quarto disposto a desfrutar dos abraços da indefesa vítima.
Saiu do quarto arrastado pelas botas, deixando no percurso um rastro gosmento do sangue que jorrava de sua garganta destroçada.
Jesuino ordenou a seus cabras que limpassem o ambiente e, quando o dia nasceu, chamou a mulher e lhe assegurou:
-Pode ficar tranquila que Curió viajou com a promessa de não voltar nunca mais.
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