Vieram me dizer que cumpade João Mutuca azeitou sua lazarina de soca para brigar na guerra da Venezuela. Ele é fã do mito. Morre de fome, só come carne uma vez por semana, mas é fã do mito. E briga com quem disser que o mito buliu na sua futura aposentadoria. Buliu nada, é tudo intriga desses comunistas escrotos, garante ele.
Se bem que meu cumpade João Mutuca não sabe o que significa comunista.
Quando serviu nas forças armadas da Polícia Militar e destacou em Patos de Irerê, foi instado pelo cabo Muriçoca a definir o que era comunista. O cabo acabara de receber um telegrama do comando militar da revolução, determinando a prisão dos comunistas de Patos do Irerê e, para cumprir a determinação, reuniu a tropa e indagou:
-Vocês sabem o que é comunista?
Cumpade João Mutuca levantou a mão e pediu a palavra:
-Seu cabo, cumunista só pode ser caba que come cu”.
Dito isso, o cabo mandou invadir o Cabaré de Terto, instalado nas imediações, sob a alegação de que, se era aquilo, os “cumunistas” seriam encontrados no antro da perdição.
E saíram a invadir os quartos, até que num deles encontraram um magrelo se aproveitando das partes carnudas de uma mulher.
-Teje preso em nome das Forças Armadas, seu cumunista safado!”, bradou o cabo.
E o amarelo:
-Mas seu cabo, o que foi que eu fiz?
-Ainda pergunta, seu bandido? Você tava comendo o “determinado” da mulher. É um cumunista sem vergonha!”, sentenciou o militar, com o total apoio do cumpade João Mutuca.
E o amarelo, mais amarelo do que de costume:
– Essa é a primeira vez que eu como um danado desses, juro pela alma de mamãe. O que eu sou mesmo é bucetista”, jurou.
Mutuca não gosta de “comunistas” e vai pra Venezuela com sua lazarina matar esses tarados em nome do seu mito.
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