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Juiza diz que todo negro é bandido

12 de agosto de 2020

Uma juíza da 1ª Vara Criminal da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba (PR) proferiu uma sentença contra um suspeito de integrar uma organização criminosa e cometer furtos atrelando os possíveis crimes à sua raça.

  • Ao condenar Natan Vieira da Paz, de 48 anos, a 14 anos e 2 meses de prisão, a juíza Inês Marchalek Zarpelon acusa o homem de praticar os crimes por ser negro. A defesa de Natan vai pedir a nulidade da sentença por racismo

Em um trecho da sentença condenatória, Zarpelon destaca: ““Sobre sua conduta social nada se sabe. Seguramente integrante do grupo criminoso, em razão da sua raça, agia de forma extremamente discreta os delitos e o seu comportamento, juntamente com os demais, causavam o desassossego e a desesperança da população, pelo que deve ser valorada negativamente”.

Além de Vieira da Paz, outros oito suspeitos foram julgados e condenados pela decisão da juíza.

A suspeita é de que o grupo integre uma organização criminosa que, entre os meses de janeiro de 2016 e julho de 2018, praticou furtos e saidinhas de banco nas praças Carlos Gomes, Rui Barbosa e Tiradentes, na região central de Curitiba.

Eles teriam furtado mochilas, bolsas, carteiras e celulares. A decisão da juíza recai sobre Vieira da Paz e outros oito suspeitos.

A advogada de defesa de Vieira da Paz, Thayse Pozzobon, afirmou à reportagem de CartaCapital que vai pedir a nulidade da sentença “pelo crime de racismo e evidente parcialidade da juíza”.

“Vou solicitar a nulidade às comissões de Igualdade Racial e Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil e também recorrer ao Conselho Nacional de Justiça e à Corregedoria”, afirmou.

“Independentemente do que está sendo apurado no processo, ela não tem o direito de avaliar a raça dele. Trata-se de um crime patrimonial e a lei deve se ater a isso. O que as circunstâncias de integrar uma organização criminosa ou praticar crimes tem a ver com a raça dele”, questiona a advogada.

“Isso revela seu olhar parcial e um racismo latente que ainda temos que conviver em pleno século XXI”, criticou.

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