Lelo tinha seus defeitos, mas quem não os tem?
Virtuoso do primeiro ao quinto não conheço ninguém, principalmente na imprensa.
Daí não entender esse silêncio dos portais sobre sua morte.
À exceção do WSCOM, de A Palavra, de O Fuxiqueiro e deste blog, ninguém deu uma linha sobre a morte do jornalista.
Que era jornalista na exata expressão da palavra.
Veio de longe, das redações de antigamente, das máquinas queixo duro de datilografia, das tertúlias barulhentas, das boemias inesquecíveis.
O conheço de estradas longínquas, de mais de 30 anos.
Dono de um texto primoroso, sabia agradar e ferir com a maestria dos grandes jornalistas.
Desses estrelados de hoje, nenhum, mas nenhum mesmo, amarrava os cadarços dos seus sapatos.
Mas não prosperou, não ficou rico. Era um romântico que se contentava com os trocados.
Por isso morreu só, dentro do mato, numa casa de granja, sendo achado pelo caseiro em posição de morto e fotografado para gáudio dos vampiros da má notícia, que espalharam sua foto derradeira em grupos de fofocas.
Lelo é mais um do meu tempo que embarca na viagem sem volta.
E eu de repente descubro que era utopia aquele sentimento de imortalidade que nos contagiava nas noites indormidas nos bares da vida.
Tenho aqui uma foto já meio amarelada contendo personagens daquele passado. Nela vejo os desfalques. E fico a me perguntar quando será a próxima viagem e quem será o passageiro.
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